Nos tempos dourados, em que Angola vivia o boom económico gerado pelo preço do petróleo, depois dos longos anos de guerra, ouvimos do então Presidente José Eduardo dos Santos a seguinte frase: ‘Angola é um verdadeiro canteiro de obras’.
Com a reconstrução nacional em voga, foi através do sector das obras públicas que se empregou milhares de jovens, dando a estes uma nova esperança de vida.
O que se veio a reflectir ao longo dos tempos, baixando os níveis de desemprego e alavancado a economia do país.
Além das alegrias, foi também a partir do sector da construção civil que mais se delapidou o erário, segundo estudos que foram apresentados por organizações internacionais e universidades no país.
E fala-se mesmo em largos biliões de dólares norte-americanos, que acabaram depositados no exterior, como se viu em algumas edições do saudoso programa ‘Banquete’ da Televisão Pública de Angola.
Os empreiteiros, embora cumprissem com a realização das obras, a qualidade de muitas delas foram sendo sempre questionadas.
Os anos subsequentes acabaram por comprovar que estradas, escolas, pontes e outras infra-estruturas públicas, mesmo com os largos milhões pagos aos fiscais, não resistiram ao tempo de uso devido aos apetites vorazes daqueles que tinham como missão poder oferecer aos angolanos uma melhor qualidade de vida.
E uma das perguntas que mais se fazia era se o Executivo, com os meios que sempre teve à disposição, não via o que se estava a passar? Era quase que inconcebível que, num curto espaço de tempo, se efectivassem trabalhos de melhoria em certas infra-estruturas, ou até mesmo se reabilitasse as de grande dimensão.
E as estradas integram o leque destas infra-estruturas que custaram muito ao Estado e acabaram sendo repetidas.
Ou seja, parte considerável do que se fez outrora acabou desaparecendo, estando agora a ser substituída por novas infra-estruturas que, aos poucos, faz ressurgir a ideia de estarmos a entrar numa era de um novo canteiro de obras.
Uma das instituições a quem se esperava alguma acutilância para que não se verificasse o despesismo em termos de obras públicas é o Laboratório de Engenharia de Angola, que vai sendo modernizado e recebeu esta semana a visita do Presidente da República, João Lourenço.
A referida instituição tem como missão assegurar uma maior qualidade das obras públicas, como garantiu o próprio ministro do sector, Carlos Santos.
Agora, com os investimentos que vão sendo feitos, em largos milhões de dólares, espera-se que nos garantam, no mínimo, infra-estruturas que possam durar largos anos, para que o país não tenha de voltar a desembolsar por conta de eventuais erros e jogadas maliciosas dos próprios empreiteiros que hoje recuperam as estradas, constroem pontes, hospitais e demais infraestruturas públicas.