Já não há dúvidas de que se parece estar a viver uma nova era na Polícia Nacional. De uma instituição completamente achincalhada no passado, devido à actuação dos seus efectivos, muitos dos quais se pensavam intocáveis, nos últimos tempos, a agremiação vai dando passos no sentido de se alterar drasticamente a imagem.
Há pouco tempo, quando ainda o Ministério do Interior estava sob batuta de Eugénio Laborinho, eram várias as denúncias sobre comportamentos indecorosos de efectivos, alguns dos quais feitos em praça pública e nas redes sociais.
Chegou-se a um certo momento em que uma das maiores preocupações dos cidadãos era saber se ainda se conseguiria inverter o quadro, dado o rol de insinuações que se faziam. Desde a chegada de Manuel Homem no leme, as- sim como as nomeações de novos responsáveis nos diversos órgãos afectos à instituição que se vão observando acções no sentido de não só conferir uma nova imagem, como sobretudo não deixar impune até mesmo os efectivos que prevariquem.
Se anteriormente a ênfase que se dava nos comunicados do Serviço de Investigação Criminal era para os cidadãos apanhados em situação delituosa, nos últimos tempos, tem sido sobre os próprios efectivos da instituição também, alguns dos quais correm até o risco de serem expulsos.
Há mais de uma semana, foram os efectivos que invadiram a residência de uma cidadã, na calada da noite, subtraindo dinheiro em kwanza e dólares, que foram apresentados e, a esta altura, de- vem estar já a ser responsabilizados. Tudo aconteceu depois de a própria vítima se ter queixado e a instituição, muito bem, instaurar o respectivo processo, cujo desfecho certamente será dado a conhecer aos angolanos.
Ontem, através de um outro comunicado, o SIC anunciou igualmente a detenção de um outro efectivo, que invadiu um apartamento na Centralidade do Sequele, na nova província de Icolo e Bengo.
Segundo a corporação, ‘este acto ocorreu num dos apartamentos que está temporariamente desocupado, onde, por meio de arrombamento do gradeamento da varanda exterior, introduziu- se no seu interior, alcançando os compartimentos e, seguidamente, trocou as fechaduras, assim como os fechos da porta principal, com intuito de apropriação indevida do imóvel’.
A nota realça que, ‘diante da gravidade dos fac- tos, o oficial, de 49 anos, recebeu ordem de de- tenção e será presente ao Ministério Público para trâmites legais subsequentes’.
Embora existam ainda muitas situações por se resolver, tendo em conta a forma como muitos se achavam praticamente intocáveis, a responsabilização e até mesmo a expulsão de alguns destes efectivos farão com que outros assumam uma postura diferente da que têm tido.
A Polícia tem de ser sinónimo de segurança aos cidadãos e não uma ameaça como às vezes ocorre.