Se ainda não existe nenhum estudo a esta altura, o ideal seria que se começasse já a efectuar para que, no mínimo, possamos nos aperceber o que se passa. Quando mais novos, sobretudo na década de 80, o uso da farda, fosse ela policial ou militar, impunha um certo respeito a quem se dirigisse a um dos seus efectivos. Lembro-me, por exemplo, da visita do Papa João Paulo II a Angola. Creio ter sido nesta fase em que muitos cidadãos, por incrível que pareça, conseguiram ter contacto directo com os efectivos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), a temível anti-motim de que falava com um certo respeito o então líder fundador da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi.
Competentemente ataviados, com meios que muitos só viam em filmes de acção da época, poucos tinham a ousadia de se dirigir a um destes anti-motim com palavras indecorosas e muito menos segurar nos colarinhos. Quem tivesse tal coragem habilitava-se, isso sim, a receber um tratamento adequado, distante dos chocolates e rebuçados que o actual ministro do Interior, Eugénio Laborinho, realçara não ser papel dos polícias distribui-los.
Nos últimos meses, infelizmente, vamos observando inúmeras imagens nas redes sociais, principal- mente, que levam muitos a questionarem-se sobre o que se estará a passar com os efectivos da Polícia Nacional para que sejam vilipendiados.
Só nas duas últimas semanas acabamos brindados com o caso do agente da Polícia que quase seria arrastado por um automobilista que se recusava em estacionar a sua viatura. De forma exemplar, o herói – que já alimentava elogios por parte de alguns que se vêem intocáveis- acabou detido, julgado de forma sumária e agora cumpre uma pena efectiva de um ano de prisão.
Antes que esse desprezível incidente arrefecesse, outros vídeos acabaram por inundar as redes sociais, sendo um deles o de um jovem a proferir ofensas despropositadas a dois efectivos da Polícia Nacional. Desconhece-se até este momento que medi- das terão sido tomadas, a julgar pelo comportamento indecoroso do cidadão, independentemente do que tenha sido dito ou feito pelos integrantes da Polícia. De igual modo, esta semana, mais um outro filme rodou, mostrando, desta vez, um cidadão suposta- mente embriagado agredindo dois efectivos da Polícia Nacional. Num dado momento, por incrível que pareça, este foi mesmo aos colarinhos de um dos elementos da corporação desrespeitando completamente a autoridade e a farda envergada.
Não há quem não precise da Polícia Nacional e da sua autoridade. Aliás, quando surgem os problemas, o primeiro sentimento do cidadão é que surja logo um destes homens destemidos para impor a ordem e permitir que as pessoas convivam em harmonia. Por isso, não se pode permitir que aos poucos vão surgindo indivíduos que pretendam colocar em cheque todo o crédito acumulado, apesar de situações menos boas que tenham ocorrido com elas. E a punição exemplar, devidamente publicitada, é um dos meios para se desencorajar os actos que vamos observando com regularidade.