Cruzei a primeira vez com o engenheiro Paulo Nóbrega por intermédio de um outro engenheiro, António Venâncio, quando um dia destes pretendia entrevistar alguém que nos pudesse falar com um certo realismo sobre as nossas estradas, suas condições e as razões que fizeram com que chegássemos ao estado em que se encontravam.
Na altura, não se vislumbrava sequer que fosse pelas suas mãos a fase derradeira da construção que levaria a abertura do Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto.
Desde o primeiro encontro, ali na Baía de Luanda, mesmo quando o entrevistamos, esteve sempre patente um homem coerente, directo e extremamente preocupado com o futuro do país, mormente a qualidade das suas infra-estruturas.
A título de exemplo, o engenheiro defendia- e talvez ainda defenda – que o estado em que se chegou determinadas estradas no país, cuja qualidade é discutível, mas que terão custado aos cofres públicos milhares de milhões de dólares norteamericanos.
Quando vi, durante uma visita do Presidente da República, João Lourenço, a presença do actual responsável do aeroporto, pensei comigo que estava entregue em boas mãos, porque, antes de ter cruzado o seu caminho, as referências eram de que se tratava sim de um quadro angolano de primeira linha.
Desde então, sempre que houvesse qualquer actividade no aeroporto, lá estava o responsável, dando explicações sobre o projecto e as suas envolventes.
Foi bom voltar a ouvi-lo ontem, quartafeira, 13, quando se fazia o balanço do início das operações, tendo em três dias movimentando mais de dois mil passageiros.
Como muitos projectos novos que se vão afirmando, era expectável que pudesse ocorrer uma ou outra falha nas operações, como veio a acontecer no novo aeroporto e prontamente reconhecidas pelos seus responsáveis, com o próprio engenheiro Nóbrega à cabeça, prometendo melhorias nos próximos serviços.
Curiosamente, foi o facto de alguns passageiros terem pernoitado no local, alguns de quais dormindo nas cadeiras, que fez com que muitos pretendessem ofuscar o sucesso das operações cujos números foram ontem apresentados aos angolanos pelos principais intervenientes no processo.
É claro que não é o que se pode desejar, mas é a coisa mais normal que se pode observar em aeroportos pelo mundo fora, o que não pode para já constituir um motivo para que se procure colocar em cheque tudo quanto de bom está a ser feito.
Às vezes, é perfeitamente normal – e compreensível – escutar ou ler críticas neste sentido vindo de cidadãos, alguns dos quais não tiveram ainda a chance de frequentar os grandes aeroportos na Europa, América, e até mesmo aqui em África.
Mas, quando se vê que muitas das insinuações partem de indivíduos que já tiveram a possibilidade de conhecer o outro lado do mundo, fica-se sem perceber o que pretendem de verdade, quando trazem à liça aquilo que é algo corriqueiro.