Um dos exemplos que mais me marcou na célebre obra ‘Porque falham as nações’, de Daron Acemoglu e James Robinson, é a comparação que os autores fazem sobre a cidade de Nogales, no México, e a sua homónima dos Estados Unidos.
Separados por uma linha fronteiriça, a parte americana pertencera no passado ao México, tendo passado para a égide dos Estados Unidos da América, tornando-se ao longo dos anos numa terra próspera, embora goze das mesmas especificidades geográficas que o território com o mesmo no- me do outro lado da fronteira.
Dizem os autores, como se pode atestar, que a grande diferença que terá ditado o desenvolvimento da parte americana, em detrimento da mexicana, estará resumida, quase que exclusiva- mente, na educação e na livre iniciativa de mercado que impera do outro lado, onde não se assiste à intervenção do Estado para além daquilo que as próprias regras da economia de mercado dita.
A primeira vez em que cruzei a estrada entre Katuitui e Cheto, na Namíbia, numa aventura que nos levou à Jamba, fundada por Jonas Savimbi, depois da guerra, claro, permitiu observar a realidade existente entre o lado angolano e o namibiano.
Não se trata de Nogales, cujo nome tornou-se extensivo para a parte nos Estados Unidos, mesmo após a saída do México, mas os rios Kuando e Kubango, que serpenteiam os territórios angolanos e namibianos, nos dão uma panorâmica do que tem sido o aproveitamento dado por Angola e pela Namíbia.
Sempre que se fala em diversificação do turismo, usando como perspectiva o turismo, olho para esta parte fronteiriça entre Angola e Namíbia para perceber o que cada um tem feito, usando os mesmos recursos que a natureza forneceu. Embora se saiba de longe que a parte angolana foi muito melhor bafejada pela sorte quando Deus fez o mundo e os colonizadores em Berlim fizeram a divisão do continente com régua e esquadro.
A experiência em campo dos investidores de cada um dos lados da fronteira, olhando-se para o que cada um faz ou fez, em termos de infraestrutura e serviços acabaria até por ser muito mais rentável, por exemplo, para o Projecto Okavango Zambeze do que muitas das reuniões de alto nível que vão sendo realizadas com excessivo dispêndio de dinheiro público.
A fronteira entre Angola e a Namíbia, a partir de Katuitui, Rundu e Cheto acaba também por ser uma escola da vida, por demonstrar que nem sempre as megalomanias acabam por ser essenciais quando se procura convencer turistas ou até mesmo investidores. A referida rota indica que não esteve errado quem um dia sentenciou que os bons exemplos são para serem seguidos…