Esta semana testemunhamos o arranque do ano lectivo no ensino superior. Com alguma pompa e circunstância, coube, felizmente, à vice-Presidente da República, Esperança Costa, fazer a lição da sapiência do evento em que marcaram presença vários académicos, políticos, estudantes, promotores de instituições do ensino superior e outros convidados.
Infelizmente, apesar de todo o frenesi existente, a abertura do ano lectivo, em qualquer instituição de ensino acaba também por ser um momento de dor. No I e II Ciclos as lágrimas provêem daqueles que não conseguiram um lugar. O mesmo se repete a nível do ensino superior, ainda com poucas vagas, sobretudo nas instituições públicas, agravadas pelo amargo de boca causado pelo aumento do valor de propinas nas universidades privadas.
Durante a abertura, como sempre, é sempre bom ver os académicos, muitos deles travestidos temporária ou acidentalmente de políticos a circularem pelos corredores, palanques, alguns deles até nas instituições em que leccionaram, onde até muitos dos seus antigos estudantes apenas os vêem pela televisão, páginas de jornais ou nos sites noticiosos que agora abundam.
Palco de aquisição e produção de conhecimento, há muito que se observa um certo distanciamento entre os políticos e estes centros de excelência, onde nem mesmo nos períodos mais competitivos que exigem alguma penetração, como são as eleições, se tornam campo de intervenção daqueles que têm por missão vender sonhos ou, no mínimo, elucidar os estudantes sobre os passos que pretendem dar ao país.
Noutras latitudes, vezes sim, vezes não, é visível o interesse, tanto dos que dirigem o país como daqueles que estão na oposição, em fazerem dos estudantes universitários parceiros ou então alvos preferenciais para se conseguir ‘impôr’ as suas ideias de governação. Aliás, não é em vão que se observa a repescagem de docentes e até discentes destacados para determinadas funções de Estado, corporativas ou até mesmo como figuras que depois engrossam nos grupos que se querem apresentar como alternativas aos processos de mudança.
Angola, felizmente, vai nos últimos tempos colocando no mercado e absorvendo, igualmente, nestas instituições milhares de jovens – e até indivíduos à beira da terceira idade- que se vão apresentando como asserimos críticos das políticas em curso e promotores dos movimentos reivindicativos.
A política e a academia não podem estar dissociadas. É preciso que os políticos marquem sempre presença, no bom sentido, neste palco de excelência e os académicos produzam sempre conhecimento de que os cidadãos, no caso os angolanos, se possam beneficiar, sobretudo nos momentos mais dramáticos como os que vivemos em termos económicos e sociais.
Dizem alguns que um dos títulos que mais perdura no tempo é o de professor. Atravessa décadas. E acompanhará sempre todos aqueles que um dia estiveram nesta posição transmitindo conhecimento, assim como os que um dia se sentaram do outro lado absorvendo conhecimentos. É por isso que os políticos, em qualquer fase e sempre que se impuser, devem voltar à universidade até mesmo para buscar as soluções de que tanto precisamos.