A imagem de um político da oposição, protegido por uma sombrinha que estava na mão de um guarda-costas, ganhou várias interpretações nos últimos dias em alguns debates. Para uns, tratava-se de uma fotografia normal, em que o segurança nada mais fazia do que o seu trabalho. Para outros, estava aí um exagero, sobretudo porque o político estava quase numa cobertura de um quintal, o que não exigia o sacrifício a que se submetera o seu oficial. É muito normal que cada um, perante os cenários que lhes são colocados à disposição, possa tirar a melhor ilação.
Afinal, há muito que se diz que até mesmo em locais pintados a branco ou uma outra cor alguém possa ver uma outra diferente. Em todo o caso, nem por isso se admite hoje que cada um tenha a sua própria opinião. Pior ainda se se estiver nalguns grupos que se mostram avessos às realizações do Executivo, algumas das quais bem feitas. Por estes dias, em que chove torrencialmente em Luanda, penso no que estará a imaginar o governa- dor Manuel Homem, depois de um período de quase trégua dada pela natureza nos primeiros meses de gestão na maior e mais problemática cidade do país.
Aqui, na capital, sempre se disse que o maior fiscal sempre foi a chuva. Diz-se que fiscaliza melhor as obras do que muitas empresas e contribui amplamente para o desgaste da imagem dos políticos que aceitaram o desafio de dirigir Luanda. Quem o viu, há dias de galocha, percorrendo algumas artérias, até então inundadas, notou um certo à-vontade no governante, apesar dos estragos que as chuvas vão fazendo. Saberá o jovem político as razões que lhe levam a actuar de tal forma, o que terá passado despercebido para muitos habitantes da capital.
Apesar das inundações e outros estragos, que acabam por ocorrer inclusive nas grandes cidades, Luanda não tem registado perdas humanas e outros problemas que se viviam outrora. É que jogar na antecipação parece ter resultado perfeitamente em muitas zonas. Antes mesmo de São Pedro ter declarado o fim das tréguas, foi possível divisar em muitos bairros e avenidas a intervenção do Governo Provincial de Luanda com máquinas e outros equipamentos para limpar valas e outros cursos de água para que não se observassem os cenários do passado que originavam muitas perdas humanas.
É provável que muitas áreas possam não ter sido beneficiadas com estes trabalhos paliativos. Mas Via- na, Belas e parte do Kilamba Kiaxi viram restaurados algumas valas e outros pontos de passagem de água, assim como terraplanadas várias vias. E este facto, embora não tenha sido visto por muitos nem exaltado por ser responsabilidade do Governo Provincial, também contribuiu para que se diminuam os efeitos nefastos. Pena que hoje elogiar parece ser um crime de lesa-pátria.