Não há dúvidas de que a sinistralidade rodoviária continua a ser um dos maiores males no país. Depois da malária, doença que todos os dias acomete centenas ou milhares de angolanos, exigindo que o Executivo redobre os esforços, os acidentes de viação têm sido uma das maiores preocupações. Diariamente, queira-se ou não, é impossível não ouvirmos dos balanços efectuados pela Polícia Nacional situações que nos levem a prestar atenção ao que vai ocorrendo todos os dias nas estradas de Angola.
São automobilistas que atropelam cidadãos, alguns com ou sem razão, muitos destes com, viaturas que já não oferecem qualquer confiabilidade que lhes possa, posteriormente, ilibar perante a justiça. Mas nem sempre é a estes que se deve imputar responsabilidades, independentemente daquilo que se pode observar todos os dias. Ainda assim, por mais que não se aprove o comportamento de alguns, é perceptível a factura que se passa, embora, felizmente, parece haver agora das autoridades uma tendência de se responsabilizar uma outra falange que não é tida em conta neste processo que aumenta as estatísticas.
Quem circula pelas grandes cidades, mesmo sem ser especialista, percebe que em muitos casos a culpa deveria recair, sobretudo, aos próprios peões que se colocam em perigo, apesar das condições que lhes são colocadas à disposição.
São vários os cenários dados a observar. Peões que não respeitam sequer os sinais de trânsito, muitos dos quais agem como se fossem os soberanos, menosprezando todo os meios que encontram nas principais vias, facto que tem feito com que aumente significativamente o número de acidentes.
Agora, uma nova proposta de Código de Estrada, em avaliação, prevê que se aumente a penalização aos cidadãos, uma vez que muitos deles acabam por ser responsáveis das situações que ter- minam em fatalidades.
Na verdade, não se trata de nenhuma novidade, porque já existem penalizações na legislação em vigor. Só que, contrariamente ao que se exige ou se pede aos automobilistas, estes acabam por sair impunes em todas as situações, como se fossem autênticos privilegiados.
Na altura pela diminuição da sinistralidade rodoviária, em que todos são poucos para que se obtenha êxito, espera-se que cada um de nós seja um actor principal. E quanto aos peões, então que se exija destes também responsabilidade pelas acções que acabam por comprometer muito do que se espera.