Foi em Abril de 1961 que Salazar, o então presidente do Conselho em Portugal, acossado pelos acontecimentos que ditaram o início da luta armada, pediu às forças portuguesas que se deslocassem a Angola para contrapor a ofensiva desencadeada inicialmente pelo MPLA, em Fevereiro, e pela UPA/FNLA, em Março do mesmo ano.
Angola era a joia da coroa de Portugal. É um território que até aos dias de hoje ainda cria uma certa nostalgia em muitos cidadãos portugueses que aqui viviam ou trabalhavam, apesar deste território hoje ser soberano e prestes a completar 50 anos de independência no próximo dia 11 de Novembro.
Daí que, naquela fase, em 1961, havia todo o interesse de Salazar e os defensores do regime colonial em tudo fazerem para se assegurar a permanência dos ‘Heróis do Mar’. Usando o mesmo aforismo daquela época, os últimos meses vão demonstrando um certo crescer de actividades e presença de membros do Executivo a nível da província do Cuanza-Norte, a escassos qui- lómetros de Luanda, numa digressão até então jamais vista.
A entrada em cena de João Diogo Gaspar, o jovem governador indicado por João Lourenço, em substituição de Pedro Makita Júlia, acabou por emprestar uma certa vitalidade. Um facto que vai atraindo não só membros do Executivo, que lá passam em serviço, como empresários e até turistas que vão ressaltando as alterações significativas em curso a nível político, económico e social das próprias populações.
Por exemplo, recentemente, assistiu-se à inauguração de novas infra-estruturas, como hospitais, centros de saúde e escolas, fazendas agrícolas de grande porte, entrega de novas residências, aumento do fornecimento de energia eléctrica às comunas e sedes municipais, asfaltagem de ruas e, igualmente, a construção e reconstrução das principais vias de acesso à sede provincial.
Se se recorresse a uma linguagem comum, há quem diria mesmo que, se calhar, ‘Cuanza-Norte está na moda’. Aliás, a forma como determinadas figuras da vida política, económica e social se manifestam felizes com a dinâmica actual, demonstra que parecem estar alinhados aos passos que vão sendo dados pela actual equipa que dirige os destinos da própria província.
Recentemente, num vídeo posto a circular nas redes sociais, o secretário provincial da UNITA nesta província, Francisco Falua, que há poucas semanas esteve envolvido numa manifestação em Ndalatando, mostrou-se regozijado pelos indicadores positivos e as alterações que estavam em curso.
Tratando-se de um território em que o partido no poder sempre cilindrou os seus adversários políticos nas eleições gerais já ocorridas no país, não espantará se, nas que projectam para 2027, o MPLA – que sustenta o Executivo – queira recuperar a proeza dos cinco zero.
O volume de investimentos e as romarias indicam que, nas terras de Mário Pinto de Andrade, um dos antigos presidentes do partido, as coisas já não serão como dantes…