Por estes dias, acabei vendo um vídeo em que um dos mais conhecidos apresentadores de televisão em Angola, Ernesto Bartolomeu, e a actriz Vanda Pedro falam da fama, sucesso, empreendedorismo e mais coisas. Creio ter sido um momento apreciado por muitos, por conta até mesmo da aceitação que os dois têm no mercado, independentemente de algumas críticas que possam existir.
Chamou-me a atenção o facto de o apresentador ter dito que existem no país muitas pessoas que, com esforço próprio, conseguiram atingir outros patamares, vivendo hoje de maneira folgada e longe dos holofotes. Não há qualquer inverdade nisso, se tivermos em conta o número de angolanos que conseguem prosperar, mesmo no anonimato, e os supostos padrinhos na cozinha que quase todos julgam existir.
Hoje, felizmente, apesar do período caótico que se vive, existem, em várias zonas do país, jovens que se destacam. Alguns o fazem através do desporto, ganhando largos milhões de Kwanzas e até de dólares, outros no empreendedorismo, nos largos campos de cereais por Angola dentro, assim como noutras profissões liberais que exercem.
Ao ler alguns dos comentários da live, é possível aperceber-se do elevado cepticismo e o pessimismo que vai tomando conta dos angolanos. Nem mesmo as contrariedades com que a maioria dos cidadãos se debatem fazem com que alguns acreditem que o melhor é dar os passos de forma individual e não esperar eternamente que um dia apareça o suposto padrinho na cozinha ou facilitador. Tem-se dito que os períodos de crise aguçam o engenho dos cidadãos. É nestas alturas que muitos acabam tendo ideias e desenvolvem projectos, micros ou macros, que servem de alavanca para o desenvolvimento das suas cidades, províncias ou países.
Em Angola, infelizmente, a cada dia que passa, nota-se que o melhor tem sido desacreditar os que procuram desenvolver estes projectos e acabam se afirmando. É rotineiro olhar para o sucesso de uma determinada pessoa e, sem quaisquer informações credíveis, acusar de ter sido favorecido por A ou B quando nem sequer se conhece o percurso alcançado por estes labutando dias e noites. Há exemplos vários de jovens que se vão afirmando sem que carregassem por trás algum sobrenome ou estivessem atrelado a uma determinada força política.
Seja no poder e muito menos na oposição. Mais do que criticar, caluniar ou inventar-se inverdades, muitos dos casos de sucesso que vamos vendo e ouvindo poderiam servir de inspiração para muitos jovens, e até adultos, que vendem aos quatro cantos para outros que a solução dos nossos problemas está no esforço de cada um, e não na esperança exagerada de que só se dá passos caso surja o esperado padrinho.