Já há um novo comandante-geral da Polícia Nacional. A escolha recaiu ao comissário-chefe Francisco Ribas, que substitui Arnaldo Carlos, agora investido nas funções de secretário de Estado para o Interior.
As últimas nomeações, como as do ex-comandantegeral e o secretário de Estado para o Asseguramento Técnico, Cristino Ndeitunga, parecem encerrar, temporariamente, as mexidas que se perspectivavam no sector, iniciadas com a escolha do então governador de Luanda, Manuel Homem, para assumir os destinos do Ministério do Interior.
Quando este tomou posse, há poucos dias, o Presidente da República, João Lourenço, chamou a atenção para a necessidade do jovem político governante não se sentir intimidado com a farda, uma vez que não se conhece desde um passado militar em que tenha enxergado tal indumentária.
E assumindo as rédeas de jogo numa instituição como a Polícia Nacional, onde as patentes de muitos são usadas como armas de jogo em diversas situações, ficou vincado que, independentemente de outras situações que tenham concorrido para a saída dos anteriores titulares da instituição, começa a ficar evidente que terá sido o exercício errado dos poderes até então possuídos por alguns que terão ditado a defenestração.
Durante a tomada de posse dos dois secretários de Estado, uma vez mais, o Presidente João Lourenço voltou a tocar na mesma tecla, exigindo que se concentrem não só no combate, mas sobretudo nas más práticas no aparelho do Estado.
A recomendação para que se dê um novo rumo ao referido departamento ministerial, no caso o Ministério do Interior, é visto em certos círculos, igualmente, como sendo uma assumpção de que era imperioso que se devolvesse à corporação uma nova imagem.
Nos últimos anos, o Ministério do Interior tornara-se num autêntico saco de pancadas, incluindo em acusações que acabavam por comprometer a própria segurança do país, sobretudo as relacionadas com supostas alianças espúrias que pudessem ter existido entre figuras de quem eram esperadas uma postura menos nublada.
Uma nova liderança poderá implicar necessariamente novos modelos de gestão. Porém, é igualmente sabido os interesses que quase sempre ensombram as paredes da corporação, onde ainda existem muitos oficiais com mentalidade maquisard que se julgam superiores aos interesses supremos do Estado.
A reposição da autoridade e integridade da corporação poderá passar, seguramente, ainda mais por um aprofundamento das mudanças noutros níveis, onde é ponto assente que os vícios de um passado de algumas décadas não serão ultrapassados com tanta facilidade.
Durante muitos anos, por exemplo, sempre se vendeu a ideia de que por trás de qualquer negócio existisse sempre um ‘braço’ que servia de espécie de protecção. Facto este que fez – ou ainda faz – com que a reputação dos agentes e até oficiais superiores fossem cada vez mais duvidosas.
Claro que existem muitas e boas excepções. E que essa prática pode ser imputada a uma minoria. Mas, é esta mesma minoria que acabou por atingir a imagem de uma corporação que, se não restaura a sua credibilidade, os populares e amigos do alheio se vão convencer de que o poder ande pela rua