Um mal-estar levou-nos há dias a uma destas clínicas existentes em Luanda, algumas das quais os preços já se sabem que não são saborosos e deixam muito a gostar. Como procedimentos elementares, quem vai a estes sítios tem, necessariamente, de passar por uma triagem, onde a tensão é medida inicialmente, assim como se aferir o peso dos pacientes.
É o que acontece nas clínicas privadas e o mesmo nos hospitais públicos, pelo menos em alguns que sempre frequentamos, incluindo na periferia de Luanda.
Escoltado por uma amável enfermeira, lá fomos nós em direcção à balança, electrônica por sinal, que parece que também aguardava para saber qual é o resultado de alguns excessos e descuidados, próprios de quem anda mergulhado no corre-corre que a vida nos impõe, assim como as peripécias da própria capital, Luanda. Uma vez por cima da dita balança electrônica, o resultado estava logo nas perspectivas do próprio paciente.
Afinal, está quase nos limites do que lhe havia sido solicitado há algum tempo, embora uns gramas a mais tenham sido registados com fruto do não fechamento da boca algumas vezes. No outro dia, já num outro centro hospitalar, onde se deveria efectuar alguns exames, o procedimento também teve de ser o mesmo. Antes de tudo, uma balança e a medição da tensão arterial.
Para surpresa, a balança registou cinco quilos e alguns gramas a menos do que tinha sido conferido no dia anterior. Para qualquer comum mortal, por exemplo, ficar supostamente com menos cinco quilos de um dia para o outro não deixa de ser algo assustador. Porque, mesmo até em casos graves, poucas são as patologias que levam com que o paciente enxugue rapidamente sem dó nem piedade.
E foi por isso que, depois da primeira e segunda balanças, uma terceira seria crucial para o desempate. E esta viria a confirmar o que a primeira pesagem aferirá. Felizmente. Porém, embora seja uma situação que, para muitos, possa ser descrita como normal, os diagnósticos errados são constantes ainda no país.
Não importa se seja por meio de análises sanguíneas ou simples abordagens feitas pelos médicos usando outros métodos, o que acaba por criar nos pacientes consequências mentais e até mesmo físicas. Ao longo dos anos, são várias as estórias que ou- vimos de pacientes medicados para doenças que nem sequer tinham.
Muitos acabaram por perder a vida e outros contraíram lesões sem que tenham sido indemnizados. Não pretendo nenhuma, mas confesso, também não quis ficar sem os meus cinco quilos que me estavam a ser retirados desnecessariamente por uma balança que acredito que não tenha sido devidamente calibrada.