Foram vários os sinais que foram sendo emitidos aos poucos. Era expectável que num curto período, alguns deles se iriam arvorar em intocáveis devido ao sentimento de quase impunidade que até a própria sociedade foi dando aos jovens motociclistas que fazem desta actividade o seu ganha pão.
Recentemente, porque a situação há muito que impunha tal necessidade, o Governo Provincial de Luanda deu início ao processo de legalização desta actividade e dos seus operadores. Trata-se de uma acção que irá, com certeza, permitir colmatar as grandes desavenças que existiam entre os motociclistas e muitos agentes da Polícia Nacional.
Estamos lembrados, não há muito tempo, das escaramuças criadas por um grupo de jovens motoqueiros nu- ma esquadra no Cazenga, local em que se encontrava detido, preventivamente, um dos seus companheiros de actividade.
Por estes dias, uma imagem de jovens motociclistas conduzindo pelas pedonais, que em princípio foram feitas para os peões, acabou chocando muitos cidadãos. Alguns deles especulam que o poder das autoridades esteja a ser posto em causa, porque a balbúrdia terá atingido um ponto sem retorno.
Na verdade, é preciso, sim, admitir que o que se assiste em muitos pontos do país, incluindo na capital Luanda, indicia que os jovens motoqueiros – vultos kupapatas- actuam como se de seres intocáveis se tratassem.
forte procura de serviços de transportes para facilitar a circulação de pessoas e bens fez com que muitos angolanos, incluindo políticos, olhassem muitos destes jovens como indivíduos que poderiam até mesmo agir à margem da lei, porque supostamente a necessidade tem sido maior do que a moral ou as regras estabelecidas.
O proteccionismo exacerbado, incluindo até mesmo de organizações não-governamentais nacionais e outras em representação de instituições estrangeiras, acabou por tornar este grupo de motociclistas em semi-privilegiados, menosprezando as acções negativas e o mau comportamento que um significativo número de integrantes tem tido.
Às vezes, é preciso aceitar que o Estado, através dos seus órgãos de defesa e segurança, tem mesmo de utilizar a força para impor determinados comportamentos e fazer com que os cidadãos, independentemente da pro- fissão que exercem, não se constituam num perigo para a sociedade. E hoje, embora se reconheça a importância capital do serviço de mototáxi para a circulação das pessoas e até mesmo transporte de mercadorias, não se pode descurar também os contratempos que criam nas estradas e no interior dos bairros. E muitos deles até fazem parte do grupo dos amigos do alheio.