Se recuássemos um pouco no tempo, as imagens iniciais colocar-nos-iam num cenário em que as cidades e, sobretudo, capitais provinciais eram mais organizadas, não se registando a azáfama que se observa hoje em quase toda a zona urbana de Luanda.
A guerra, culpada de todos os males, é sempre apontada como sendo a causa da desorganização e de outros hábitos e costumes nocivos às sociedades que vimos surgindo.
Quem diria, por exemplo, que Luanda e muitas capitais provinciais acabassem dominadas, em cada esquina, por mercados informais e cidadãos procuram vender um e outro produto naquilo a que muitos consideram ser, apenas, luta pela sobrevivência?
Infelizmente, embora exista quem discorde, Luanda havia sido transformada num mercado a céu aberto, embora existissem na sua extensão milhares de pontos de venda em praças recémconstruídas e outras antigas mas nunca reclamados pelos próprios vendedores que se prontificavam em estar na berma das estradas e noutras áreas de maior concentração populacional.
Quem acompanha essa situação levanta sempre a questão da guerra e a falta de empregos como sendo a causa deste aumento de vendedores.
O mesmo se pode dizer em relação ao aumento considerável de mototaxistas, uma actividade que se legitimou devido à escassez de meios de transportes em Luanda, sendo hoje quase impossível de banir se se tiver em conta o número de dependentes deste mesmo expediente.
Só que mesmo congregados em associações e interesses díspares, a actividade de mototaxi desenvolveu-se tanto, descurando as próprias autoridades em determinadas fases acções que poderiam fazer com que não se vivesse o cenário caótico que se observa, por exemplo, nas principais estradas de Luanda.
Não há hoje – passe o exagero- uma única zona da capital do país em que se observe a actividade de mototaxistas, com paragens improvisadas, assim como a circulação desordenada dos seus agentes, alguns dos quais nem sequer respeitam as regras de trânsito. Ontem, o Governo Provincial de Luanda, emitiu uma lista de pontos da capital em que se torna proibida a circulação de mototaxistas e camiões.
Atenho-me aos mototaxistas por serem hoje um factor de constrangimento e um dos fenómenos que tem aumentado de forma vertiginosa os acidentes, de acordo com os números apresentados recentemente pela Polícia de Trânsito.
É impossível não apoiar a medida do governo de Manuel Homem, embora exista quem discorde e condições que terão facilitado o surgimento de tal actividade nos moldes que vimos.
Porém, quem frequenta as estradas da capital, como condutor, passageiro ou até ‘pendura’, tem noção dos constrangimentos que muitos destes mototaxistas têm protagonizado, muitos dos quais evitáveis.