Sou um fã incondicional dos programas apresentados sobre empreendedorismo. É incomum perder tanto os que são apresentados pela Televisão Pública de Angola (Semear, Negócios em Angola e outros), Pérolas do Oceano na RTP e o longevo Pequenas Empresas e Grandes Negócios.
Todos eles, de algum modo, nos colocam desafios para a fase mais nova das nossas vidas e até mesmo depois da aposentadoria, em que muitos cidadãos acabam por ir fazer o que na realidade gostariam antes de optarem por outras actividades ou profissões.
Seja na Europa ou América, são visíveis as ideias que levam com que pequenas empresas se tornem em grandes negócios, os seus promotores se tornam endinheirados, figurando na lista dos mais ricos do mundo, e os seus proprietários entre os maiores empregadores do planeta. Muitos deles começam até com quantias irrisórias.
O que faz com que alguns depreendam que por trás estejam alguns anjos da sorte, o que nem sempre é verdade. Em Angola, há muito que se vem falando em empreendedorismo. São vários os projectos gizados, financiamentos aprovados e valores despendidos que acabam por contrastar quase sempre com os níveis de empregabilidade que deveriam estar em senti- do decrescente.
Apesar dos esforços governamentais, ainda permanecem as queixas de empreendedores e empresários até consolidados por suposta inexistência de apoios financeiros, assim como das condições para o exercício de actividades económicas em determinados pontos.
Os últimos relatórios do Instituto Nacional de Estatística apontam para um crescimento dos níveis de desemprego, o que pode também acabar por comprometer muitos dos programas que vão sendo gizados e os investimentos feitos.
Lembro-me de, há dois anos, no Huambo ter presenciado a conversa entre dois jovens agricultores. Possuía cada um deles mais de três hectares de feijão e alho, produtos que estavam, praticamente vendidos a partir do solo, mas relutavam em relação aos incentivos e apoios por parte do Estado.
Jovens como estes podem, com acompanhamento, transformar-se em grandes empreendedores, à semelhança dos Vinevalas e Capamas, que com trabalho árduo são hoje empreendedores de sucesso e empregam dezenas ou centenas de jovens, entre homens e mulheres, ajudando a reduzir os níveis actuais.
Os desafios actuais levam-nos a questionar não só os apoios concedidos, assim como os maiores beneficiários dos mesmos? Tempos houve em que não havia uma separação entre políticos e empresários, uma relação que teve resultados catastróficos.
Por isso, urge dar a mão àqueles que sabem, de facto, colocar a mão na massa e transformar as vidas de milhares. Seja nas cidades como nos campos.