A visita a Angola de um ministro da Agricultura foi manchete nos últimos dias. O responsável brasileiro, que foi até recebido em audiência pelo Presidente da República, João Lourenço, veio manifestar, uma vez mais, a solidariedade do seu país para com o nosso, sobretudo na área em que dirige. A relação entre Angola e o Brasil é antiga.
É voz comum que foi o primeiro país a reconhecer a nossa independência e os laços de consanguinidade, língua e história, que fizeram com que se aproximassem muito mais.
Ainda nos lembramos das linhas de crédito fornecidas para infra-estruturas e o papel que empresas como a Camargo Correia, Za- gope, Odebrecht e outras de infeliz memória nos trouxeram. Para os próximos tempos, mais uma linha de crédito foi prometida, o que é verdadeiro.
Acredita-se que muitos sectores serão beneficiados, e a agricultura, pasta do responsável que nos visitou, será, certamente, uma delas. É indiscutível o papel que a agricultura joga na economia brasileira.
O país é um dos principais exportadores de produtos no mundo, especialmente soja, algodão, laranjas, carnes e café. Tem sido por esta via que se buscam divisas ao mercado internacional e milhões de brasileiros acabaram por sair da linha da pobreza.
Estando entre os principais do mundo, com exportações para os Estados Unidos e China, sobretudo, há uma vasta experiência que se pode ainda beber destes irmãos do Atlântico, cuja língua portuguesa pode facilitar na absorção de conhecimento para a réplica do que se faz lá e aqui em território angolano.
Durante vários anos, foi no betão e noutros negócios em que se buscou o apoio brasileiro. Uma relação agridoce, com alguns escândalos no meio, replicados aos quatro cantos do mundo, de que não nos orgulhamos de modo algum. Os novos caminhos da cooperação, que estão em abertura, parecem indicar outras apostas de que nos possamos então orgulhar.
E a diversificação da economia, com a agricultura à cabeça, é uma aposta que pode ser vencida tendo em conta a experiência de várias décadas que os brasileiros sempre demonstraram, até mesmo na transformação de produtos agrícolas ou na criação de gado bovino, suíno e caprino.
Será bom se, nos próximos tempos, nos for dado a ver jovens e até agricultores mais experientes que tenham conseguido melhorar as suas produções com base nas técnicas que poderão vir das instituições brasileiras, algumas das quais são de referência, como a Embrapa.
Quem sabe, assim, naturalmente venhamos também a ver muitos angolanos milionários por conta daquilo que colocam na terra, sem necessidade de colocarem as mãos até mesmo em orçamentos citados para os projectos que depois acabam por ser reembolsados pelo próprio país.