Quem sai de Cacuaco ao Benfica, já nas imediações da entrada do Sequele, consegue observar em paralelo, às noites, um bairro completamente reluzente, com inúmeras lâmpadas acesas, dando a entender que se trata de uma área, se calhar, completamente urbanizada.
Quando se passa pelo mesmo local às manhãs se tem uma ideia contrária àquilo que é dado a ver assim que o sol se põe. Há, sim, um bairro enorme construído às pressas durante largos anos, sem estradas asfaltadas, com as habitações desordenadas, mas albergando, no seu seio, um número considerável de angolanos que procuraram deste modo concretizar o ansiado sonho da casa própria.
Disseram-me, tempos depois, que se tratava do famoso bairro Paraíso. Houve também quem me tivesse dito o contrário, já que, a forma como Luanda cresceu nos últimos tempos, surgem todos os dias novos bairros e novos nomes, alguns dos quais mais ousados, mas com os mesmos problemas de sempre: falta de água e de energia eléctrica.
As luzes que vimos nos levam, claramente, a concluir que é muito mais fácil fornecer energia eléctrica, como se vê, do que água, que exige um trabalho mais aturado e é um dos bens mais preciosos para a vida dos próprios cidadãos.
Independentemente do local em que estejam, tenham ou não construído com autorização das autoridades, os populares, ainda assim, não deixam de questionar a ausência de determinados serviços, entre os quais pontificam sempre energia eléctrica e água potável.
É por isso que nas contendas eleitorais os partidos políticos concorrentes nunca se esquecem de colocar estes itens como sendo os que pretendem melhorar caso sejam escolhidos pelos eleitores. E Angola não é diferente. Nem será. Só por isso as pessoas se queixam regularmente da inexistência de certos serviços, razão pela qual imputam a responsabilidade a quem governa, no caso o MPLA. O que as pessoas esperam não é uma esperança vã.
Mas, sim, garantias de que as suas vidas deverão melhorar em determinados segmentos. Pela forma desordenada como Luanda cresceu, com mais de 10 milhões de habitantes, o fornecimento de energia e o abastecimento de água são as duas maiores preocupações que exigem soluções imediatas.
E ontem, depois de ter visitado os sistemas de captação de água do Bita e Quilonga 2, o Presidente da República, João Lourenço, deu garantias de que até 2027 perto de 10 milhões de pessoas venham a beneficiar do precioso líquido.
O primeiro sistema, Bita, vai cobrir o município de Belas, Talatona, parte de Viana e parte de Luanda, ao passo que o Quilonga servirá o município de Viana, Cacuaco, Icolo e Bengo e reforçar o Cazenga.
Embora leve ainda algum tempo para a sua concretização, certamente que muitos angolanos se reviram no discurso e, agora, aguardam ansiosamente para ver a água a jorrar nas torneiras das suas casas.