À medida que os filhos crescem, poucas são as vezes em que não nos vimos confrontados com perguntas embaraçosas vindo destes. Não importa o tema, a busca por uma resposta se torna, às vezes, um bico-de-obra, mesmo quando elas são óbvias.
A vinda do Presidente Joe Biden a Angola, as restrições no trânsito na capital – e hoje em Benguela –, assim como a tolerância de ponto, suscitaram várias análises. Entre nós, por exemplo, por influência de entidades políticas, algumas das quais se esperava algum sentido patriótico, surgiram questionamentos ligados aos frutos desta primeira visita de um líder norte-americano ao solo angolano.
‘Papá, mas se este tio já está em fim de mandato, por que razão estamos a gastar dinheiro com a visita dele? Está é uma de várias questões que têm sido feitas, em círculos privados e até abertos, muito por conta de indivíduos que pretendem cimentar entre os angolanos a ideia de que não há solução para muitos dos problemas que nos afligem.
Pena que a estes não podemos, sequer, dar os puxões na orelha como muitas vezes os pais acabam por repreender os filhos, muitos dos quais por ventilarem aos quatro cantos inverdades com fins claramente confessos.
Como se tivesse ouvido a voz dos seus críticos, ou daqueles que pensam estar perante um ‘flop’, Biden foi, aos poucos, durante a sua passagem pela Cidade Alta, onde foi recebido pelo Presidente angolano, João Lourenço, explicando e garantindo as razões não só políticas da sua presença, como principalmente dos objectivos económicos que a mesma persegue. ‘Há muito pela frente, muito que podemos fazer.
Os resultados até agora falam por si: construir uma linha ferroviária de acesso, de oceano a oceano, que vai conectar o continente de oeste a leste, pela primeira vez na História’; ‘investir em projectos de energia solar que vão ajudar Angola a gerar 75 por cento da sua energia limpa até ao próximo ano’; e ‘actualizar a infra-estrutura dinternet e comunicações para conectar todas as redes de internet de alta velocidade de Angola’.
E mais: ‘já investimos, só não na minha administração, mais de três mil milhões de dólares aqui em Angola até agora’. Os projectos e os números avançados pelo Presidente norte-americano evidenciam muito bem o interesse do seu país em continuar a trabalhar com o Executivo angolano, incluindo após o fim do seu mandato.
Não é crível que os EUA optassem por largar mãos ao que vão fazendo, sobretudo a aposta na revitalização do Corredor do Lobito, que o levará a reunir-se com os homólogos de Angola, República Democrática do Congo e Tanzânia, em Benguela.
Por mais que se tente retirar o mérito desta viagem, em que os norte-americanos vieram com a máxima força, os números e os acordos existentes acabarão por convencer aqueles que tendem a vender o contrário.
Pena é que a alguns os pronunciamentos e as acções tendem a convencer, mas outros, por várias opções, só eles saberão por que preferem continuar a pregar no deserto contra factos e argumentos.