há seis meses, numa conversa boa com um amigo militante acérrimo do MPLA e então dirigente da JMPLA, nos questionamos sobre se teria sido mais vantajoso para a organização se se tivesse escolhido o jovem Domingos Betico no congresso anterior ou a performance conseguida por Crispiniano dos Santos obedece tão somente a própria conjuntura política?
Embora existam muitos que defendam que as tenha feito muito pelo actual líder da JMPLA, neste primeiro mandato, há igualmente do outro lado quem garante, sem pestanejar, que hoje a organização juvenil do partido dos ‘camaradas’ é uma autêntica sombra do que foi nos anos anteriores. Na verdade, substituir um líder carismático como foi Sérgio Luther Rescova não parecia ser uma tarefa fácil.
Ainda assim, a avaliação das acções desenvolvidas neste mandato que termina em Novembro será, igualmente, uma prova para se aferir se este concorre a um segundo mandato ou faça prevalecer a escolha de um delfim para a sua substituição, um expediente muito usado em política para se prolongar os interesses instalados nas organizações.
Mas, as regras de jogo, ditadas pela organização do congresso, já ditam que não dificilmente haverá uma continuidade de Crispiniano. De igual modo, também coarcta desde já a entrada em cena de players que tenham acima de 30 anos de idade, criando, sem qualquer microscópio, algumas incertezas sobre estes candidatos com tais requisitos habilitados para darem ao braço juvenil dos camaradas o dinamismo perdido no seio de muitos sectores da juventude.
Contrariamente ao que aconteceu no oitavo congresso, em que o actual primeiro-secretário foi eleito com 34 anos de idade, os candidatos para a sua substituição só poderão ter até 30 anos de idade, uma exigência que vai criando calafrios no seio da organização e de muitos que se presumiam potenciais candidatos a um dos mais importantes órgãos do partido no poder.
Embora se tenha introduzido no seio do MPLA, nas suas principais estruturas, muito sangue novo, com idades até inferiores, a verdade é que também não se conhece muitos ‘Messis ou Cristianos Ronaldos’ da nossa política que, em idade ainda mirim, se foram destacando nos últimos oito anos.
Existirão certamente, mas é crível que muitos sejam somente para consumo interno, infelizmente numa fase em que o MPLA precisa necessariamente de retirar deste congresso da JMPLA um líder que consiga dialogar, convencer e levar às bases juvenis e outros segmentos da sociedade uma imagem de que nada está perdido, e continuam a ser a melhor aposta para a construção de uma Angola melhor.
Mais do que uma simples alternância ou manutenção do mandato de quem lá está, o que é pouco provável, urge que os jovens do MPLA encontrem um líder que tenha carisma, preparo político, destreza e inteligência suficiente para as exigências da actualidade, provenientes sobretudo de uma juventude mais actuante, formada, provocadora e devidamente formatada política e socialmente.