Regressar à terra natal é sempre empolgante para quem vive no exterior. Se se estiver fora de casa por décadas pior ainda. O retorno, muitas vezes, é acompanhado de choros, desmaios e uma sensação quase de deja vu, havendo aqueles que reiteram, se puderem, o compromisso de verem um dia os seus corpos enterrados no mesmo espaço em que têm os cordões umbilicais.
Por estes dias, o país recebeu um grupo de angolanos que há muito vivem na diáspora no âmbito de uma actividade do Movimento Angola Real. Além da capital, onde puderam estar num encontro com o Presidente da República, João Lourenço, tem sido possível vê-los a desdobrarem-se noutras províncias do país, de Norte a Sul e do Mar ao Leste. É bom ver regressar, embora que temporariamente, angolanos que há muito se haviam afastado do país.
Hoje, passados vários anos desde o alcance da paz, alguns vão manifestando interesse em puderem realizar investimentos no país, embora se reconheça que se viva em muitos pontos do mundo tempos difíceis em termos financeiros. Há quem fale em apostar na agricultura. Outros vislumbram o turismo, a construção civil e até nas tecnologias de informação, de acordo com os relatos que muitos vão fazendo. No meio de promessas – e nostalgia – pairam, a nível interno, muitos cépticos, principalmente numa fase em que também existem outros que vão fazendo contas para puderem abandonar o país e realizar as suas vidas aí nos territórios em que estes vieram.
Claro está que o país precisa de investimentos. E vindo dos próprios angolanos poderia ser uma mais-valia em que muitos não iriam olhar para a exportação de capital, como se observa regularmente com justiça por parte de investidores estrangeiros. E um primeiro passo para os angolanos, alguns dos quais regressaram ao país nestes últimos dias, seria, por exemplo, o reforço das remessas financeiras a Angola, à semelhança do que outras diásporas fazem nos seus países de origem. Infelizmente, apesar do número de endinheirados angolanos apontados em listas de organizações internacionais, poucos são os que enviam para o nosso território parte daquilo que conseguem.
Apesar da crise económica com que nos debatemos a nível interno, o percurso das remessas ainda tem sido o inverso: mais dinheiro sai de Angola para o exterior, um vício que precisa de ser sanado imediatamente. E um dos contributos que a nossa diáspora nos pode dar é ajudar a inverter este quadro, sendo ela própria também uma fonte activa na recepção e transferência para o país de fundos que nos contribuam para o seu desenvolvimento.