Foi no auge da sua popularidade, dois anos depois de ter substituído o Presidente José Eduardo dos Santos, que esteve no poder entre os anos de 1979 e 2017, que o Presidente João Lourenço lançou o Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), uma empreitada que se propunha revolucionar estas circunscrições, com realce para o interior do país.
Com um bolo de mais de 2 mil milhões de dólares, dinheiro subtraído do Fundo Soberano de Angola (FSA), até então nas mãos de Jean Claude Bastos e José Filomeno dos Santos, as opiniões foram contraditórias sobre o expediente, havendo quem se opusse a tal medida e outros que, na época, se mantiveram favoráveis.
A verdade é que, embora se dissesse que os 5 mil milhões de dólares que serviam o FSA serviriam para se criar bases no futuro para os angolanos, na época – e no presente- os indícios apontavam que os recursos alimentavam interesses inconfessos daqueles que tinham acesso ao referido pote. Aliás, alguns acordos que estavam em curso acabaram por demonstrar que mais do que os angolanos, mais necessitados, um dos principais beneficiários acabou por ser um dos responsáveis da instituição, enquanto milhares de cidadãos ainda continuam a aguardar por condições que lhes permitam viver com alguma dignidade.
Para muitos cidadãos, o futuro sempre esteve assente em melhores condições de vida que passam por acesso a uma escola condigna, saúde, boas estradas, energia e emprego. Trata-se, à partida, de condições inicialmente evocadas que o PIIM deveria, em tese, assegurar às pessoas depois dos seus anos de implementação.
Há dias, numa conferência de imprensa, surgiu o secretário de Estado Márcio Daniel falando sobre as realizações do PIIM. Pelos números financeiros que a iniciativa teve, mais de 2 mil milhões de dólares, a curiosidade tem sido igualmente perceber até que ponto se está a cumprir o inicialmente planificado, embora se conheça que, em Angola, projectos do género acabem sempre por encontrar solavancos de vária ordem.
Ainda assim, parece que se vai tornando já visível os efeitos, apesar do pessimismo inicialmente manifestado por muitos. Dizia o secretário de Esta- do, por exemplo, que o projecto vai beneficiar mais de 1.196.670 novos alunos, assim como permitiu a construção de 8.842 novas salas de aula.
Na saúde, uma das maiores preocupações do país, surgiram só com esta iniciativa 2.820 novos lei- tos, através de novos centros de saúde e hospitais municipais, assim como outros projectos de maior ou menor monta mas que evidenciam que mais do que o dinheiro estar guardado, correndo o risco até de se esfumar como outros, tenha tido uma maior empregabilidade.
Independentemente do que se possa pensar, esses números acabam por ser expressivos e representar muito sobretudo no interior, onde muitos não dispunham sequer de condições mínimas para vi- verem. E o Fundo Soberano, com o remanescente que tem, não perde a sua essência por conta do PIIM, bastando apenas engenho de quem dirige e os projectos que surgem para rentabilizar o que ficou.