Chamou-me a atenção, recentemente, as felicitações de um cidadão que se apresentava como português em relação à inauguração, hoje, do Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, no município do Icolo e Bengo, em Luanda.
Não creio que o tenha feito de forma jocosa, porque o seu país, Portugal, segundo ele, se encontra também nesta batalha de conseguir um novo aeroporto há alguns anos. Mas, por vários imperativos, ainda não o fez, crendo que não será agora que tal desiderato se resolva, sobretudo com o surgimento de uma nova crise política que obrigou ao pedido de demissão do primeiro-ministro, António Costa.
Contra todos os factos, argumentos, cenários funestos e presságios de muitos que se vão experimentando até em exercícios de adivinhação, o Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto verá esta manhã o descerrar da fita. É o mínimo que se esperava depois de largos milhares de dólares despedidos, incluindo com um clima de incerteza em que não se vislumbrava um certo fim, a julgar pela mamata em que se havia transformado esta impotente infra-estrutura.
Desde cedo, quando se começou a construção, o novo aeroporto veio sempre acompanhado de inúmeras especulações, criando-se uma imagem de que estaria fadado ao fracasso. Por isso, não espanta que entre os angolanos, sobretudo indivíduos de quem se esperava à partida uma postura de elevada coerência e apreciação técnica, se vislumbre até a passagem de informações que tendem a aumentar os pontos negros que há vários anos se procurou adornar os meandros da sua construção.
Nos últimos dias, em que parece que todos nos tornamos especialistas em aviação civil, também soubemos as razões que levam a abertura do empreendimento, um acontecimento que acaba por exigir dos empresários nacionais e internacionais uma outra postura em relação aos negócios e oportunidades que esta infra-estrutura veio proporcionar.
Não há dúvidas de que o velhinho 4 de Fevereiro andava distante do que se pode exigir de um país como Angola. Daí a necessidade premente que houve de se erguer uma nova infra-estrutura que pudesse acompanhar o desenvolvimento que se observa no sector, sendo por isso porta de entrada para os investidores, turistas e outras delegações.
Enquanto um mundo pessimista, a moda balzaquiana solta a voz, algumas com razão, outras vão fazendo acontecer. Afinal, é só observar que o metro quadrado nas redondezas do aeroporto aumentou, há interesse de empresas estrangeiras em gerir o empreendimento e um número considerável de jovens inscreveu-se para dar o seu saber nesta obra que acaba por dignificar o país.
Mais do que aguardar por milagres — e especializar- se em maldizer tudo que se faz —, deveria ser possível a alguns divisar que o sucesso de muito que se tenta reerguer neste país depende de um esforço colectivo. Ou seja, compete a cada um fazer a sua parte para que todos os projectos em curso tenham sucesso. Serão os funcionários, sobretudo jovens, os gestores e outros técnicos envolvidos nesta operação que se inicia em 2024 que conseguirão galvanizar quem lá se vai dirigir vindo do exterior ou até mesmo do interior do país. E isso não é (só) uma missão do Esta- do, embora tenha de criar determinadas condições para o efeito.