há poucos dias, uma notícia posta a circular, em canais menos formais, dava conta do facto de um grupo de jovens pertencentes a um conheci- do banco privado da nossa praça ter ‘aliviado’ as contas de vários clientes em mais de 160 milhões de kwanzas. Os acusados, todos ainda na flor da idade, são jovens que se supõe que tenham começado a actividade nesta instituição bancária não há muito tempo.
Ainda assim, provavelmente sem que tenham tido uma carreira de muitos anos , não se sentiram sequer coibidos de colocar a mão em dinheiros que nunca lhes pertenceram. Há muito que se vai denunciando tais práticas nos bancos.E não espanta que sejam os seus antigos funcionários parte significativa da população prisional em muitos pontos do país. Dizem alguns que não conseguem resistir ao chamado dos vários milhões com que têm que lidar diariamente, uma situação que uma boa formação e uma educação nas casas dos pais poderia também curar quando mais novos.
Aos poucos, enquanto muitos dos jovens criticam as autoridades por falta de postos de trabalho, dizendo estar a sofrer por não possuir condições de vida, numa proporção também alarmante, outros se vão perdendo nos prazeres repentinos da obtenção do dinheiro fácil. Se antes se pensava que fosse apenas nos bancos, noutras áreas de actividade também os patrões se vão queixando dos constantes roubos, o que faz com que hoje se recorra a profissionais provenientes de outros países para se poder contornar a sangria em termos de materiais de trabalho e até quantias financeiras.
Em muitos casos, entre os funcionários e os patrões não há qualquer diferença até mesmo na obtenção das receitas diárias, sobretudo naquelas actividades diárias em que o controlo é quase inexistente. Nas mais apertadas, são vários os expedientes usa- dos para se contornar as câmeras de vigilância e até mesmo os apertos dos fiscais e seguranças. Aos poucos, os laivos de esperança que se alimentava em determinados segmentos, formados principalmente por jovens, também se vai esfumando rapidamente.
Ninguém previa que, apesar do que espirito crítico de muitos, afinal a velha máxima de que o cabrito come onde está amarrado também se lhes assenta como uma luva, correndo o risco até de ultrapassarem alguns mais velhos que num período recente da nossa história eram os responsáveis destes direitos autorais. Distante do futuro da Nação, Angola vai vendo surgir em catadupa uma espécie de news bad boys. Um sector em que aqueles que se ufanam por conta dos descaminhos milionários de alguns dos políticos e gestores públicos que aliviam, sem pestanejar, os cofres do Estado acabam por ser também tão perigosos quanto à gestão de instituições públicas e até privadas.
Há pouco tempo, Angola viu julgar alguns jovens em casos milionários, muitos dos quais se acreditava que fossem ser o futuro deste país. Isso ao nível da alta sociedade. Na mais baixa, na dos pequenos negócios, em que gente modesta procura fazer investimentos, também existe muita sangria. Parece que se quer normalizar o roubo, porque muitos crêem, infelizmente, que é a via mais fácil para se satisfazerem economicamente. E os jovens também comandam esta orquestra.