Escutei, ontem, atentamente o radialista Miguel Neto na TV Zimbo, quando entrevistado pela apresentadora Zuleica Wilson. Antes de ter entrado para o tema que parece ter sido escolhido para a presença do ‘Nível’, aproveitou desabafar sobre o que tem visto ou vivido na conhecidíssima Via Expresso.
Nos últimos dias, por conta de obras de construção de paragens para autocarros e táxis, assim como a edificação das estradas de serviço, observa-se em determinados pontos constrangimentos, sobretudo às horas de ponta.
Aos poucos, em parte da sua extensão, já se consegue notar o trabalho a todo o vapor no sentido de se dar uma maior fluidez ao trânsito na referida via. Quem por lá passa ainda, como frisou Miguel Neto, tem a plena noção de que o nome via expressa não casa em muitas circunstâncias com a lentidão que se assiste na circulação de automóveis.
Lembro-me de que quando iniciou a construção da referida estrada, há vários anos, criou-se nos seio dos luandenses e dos angolanos, em geral, que fosse nascer entre Cabolombo e Cacuaco uma verdadeira via que fosse digna do nome que acabou por ganhar. Pensava numa estrada com várias faixas, faixas de serviço, iluminação, onde todos os automobilistas e passageiros nunca se iriam arrepender por pas- sarem por um engarrafamento quando há um aci- dente ou qualquer impedimento leve mais a frente.
As obras em curso vão demonstrando que aqueles que já defendiam naquela fase que se fizesse uma via nos moldes que se procura dar hoje tinham razão. Infelizmente, durante muitos anos, convive- mos num país em que mesmo com condições para muitos o viável era executar uma obra em fases, havendo uma primeira, segunda e até uma terceira, sem que cada uma delas até mostrassem grandes resultados.
O que se vê hoje na Via Expresso como tarefa saída de uma aula anterior revela, claramente, os peca- dos cometidos por muitos daqueles que tiveram nas mãos o processo de construção, reconstrução de estradas no país. Houve fases em que financeiramente Angola não esteve mal e se podia, sim, criar infra-estruturas do género mais modernas.
Não há dúvidas de que as alterações em curso irão mudar, significativamente, a circulação e reduzir o tempo daqueles que fazem uso da referida via. Mas que nos sirva de lição quanto às demais estradas ainda em construção para que se alargue a dimensão do asfalto, apesar dos custos.
Mais vale gastar, às vezes, numa única sentada do que se enfrentar o que se pode observar posterior- mente. No caso da via expressa, por exemplo, as autoridades irão destruir algumas infraestruturas que viram crescer de forma impávida no extenso troço.