Não sei o que diria a esta hora o malogrado cantor Luís Visconde se fosse vivo. Nas duas últimas semanas, por incrível que pareça, as chuvas acabaram por determinar as agendas dos cidadãos no país, destruindo inúmeras infra-estruturas e ceifando até vidas.
Com certeza, aprumadíssimo como mostrava ser, não iria mesmo colocar o seu popó em muitas ruas de Luanda, por exemplo, onde se observa muitos charcos e buracos nas estradas que deverão exigir das autoridades uma intervenção de vulto.
E, por estes dias, em quase todo o país, o assunto chuva, estradas, buracos, ravinas, mortes e insatisfação, vai dominando os debates, sobretudo numa fase em que os dados do INAMET quase que nunca falham. Infelizmente, como já dizia o outro, tratase de uma obra da natureza.
E quando caiu em quantidades descomunais, os estragos avolumam-se e criam ainda mais danos. Provado está também o facto de que, embora seja uma obra da natureza, é, sim, possível minimizar os seus efeitos.
Apesar do calor crítico provocado pelas chuvas, que vão continuar a cair este mês de Dezembro, segundo o INAMET, foi notório o trabalho preventivo do Governo Provincial de Luanda em determinadas zonas da capital, entre os quais os municípios de Viana e Belas.
Os trabalhos de limpeza das valas e sarjetas fizeram com que os efeitos nefastos — e o número de mortes— reduzissem significativamente.
O ideal é que não morresse um único angolano por conta das chuvas, mas entre nós ainda vai sendo impossível por razões várias, uma das quais a construção em linhas de água e nos morros em muitas cidades.
Agora, nestes períodos, uma das maiores reclamações tem sido o facto de não existirem, por exemplo, em Luanda, as chamadas vias secundárias e terciárias que poderiam aliviar grandemente os congestionamentos que ocorrem nos dias posteriores às enxurradas.
Trata-se de uma situação que se vive todos os anos, razão pela qual, agora que se fala até em aprovação do Orçamento Geral do Estado, deverá olhar-se para estas vias que poderiam devolver alguma paz nas estradas àqueles que percorrerem dezenas de quilómetros para chegar aos postos de trabalho, hospital, escola ou outras instituições.
A chuva, que é vista como uma bênção em muitos pontos do país, pode um dia ser encarada sem receios até mesmo na capital do país, bastando apenas que se tomem medidas preventivas e se construam vias que não se degradem rapidamente. E é possível.