Escrevemos ontem sobre o tema. Mas tendo em conta que o país está entre os cinco mais perigosos do continente em termos de sinistralidade rodoviária, não há como se desgrudar do tema de um momento ao outro. Só no ano passado, em mais de 15 mil acidentes, registou-se cerca de de dois mil mortos, um número que não deixa os cidadãos descansados, porque cada um deles pode ser um irmão, parente, amigo, conhecido ou mesmo um desconhecido. Três factores têm contribuído para o aumento dos números assustadores, nomeadamente o próprio homem, as viaturas e as estradas.
Não há dúvidas em relação às estradas e muito menos aos carros. Sabe- se que viajar em determinados troços é uma autêntica aventura, por falta de manutenção, às vezes, ou ainda observar-se a circular em muitas regiões do país viaturas que há muito já deveriam estar num estaleiro. Mas quando se fala em sinistralidade rodoviária, embora se tenha aprovado um plano que visa a redução da sinistralidade em cerca de 50 por cento, haverão também outros factores que possam estar a influenciar, mesmo estando ao nosso alcance.
Há cerca de um mês, após uma viagem aprazível entre as províncias do Bié, Huambo, Cuanza Sul e Lu- anda, pude passar pelo conhecido Pingo de Água, aí pelas bandas da Munenga, Calulo. Foi triste constatar o estado em que se encontra o destacamento de prevenção à sinistralidade rodoviária. A nossa memória, apesar de ainda curta se comparada com a de muitos angolanos, não nos permite esquecer que houve, durante uma fase do consulado do então ministro do Interior, Sebastião Martins, foram inauguradas e instalados em determina- dos pontos do país os referidos destacamentos, que previam agregar bombeiros e outros serviços afectos ao pelouro.
Dos poucos ainda existentes, como o já mencionado do Pingo de Água e do Morro do Binda, estão quase que inoperantes. Se estão operacionais, então a imagem de descaso a que estão votados deveria merecer dos responsáveis do Ministério do Interior alguma atenção, porque ao que tudo indica nem mesmo a manutenção de questões mínimas têm sido atendidas.
Do posto do Lobito, a poucos quilómetros da Canjala, ainda vai sobrevivendo. Seria bom que neste plano de prevenção adoptado, ontem, em Conselho de Ministros, se dota-se estes centros de meios e técnicos que pudessem servir para que os angolanos que tivessem ou sofressem qualquer acidente, sobretudo nas estradas nacionais, beneficiassem de assistência antes mesmo de serem transportados para as sedes municipais ou provinciais, muitas das quais ficam a centenas de quilómetros.
Um dos grandes problemas em África tem sido muitos dos governantes não darem continuidade aos projectos deixados pelos seus antecessores, como se estes não fossem necessários. E Angola não está à margem, sendo, por isso, imperioso que se olhe aos destacamentos de sinistralidade rodoviária pela importância ímpar que eles representam para se inverter o número de vítimas dos acidentes de viação.