É comum dizer-se com regularidade que quem conta um conto aumenta sempre um ponto. Outros há que relatam episódios em que muitos recebem determinadas informações para as passarem aos outros, mas, até chegar ao destinatário, também se observa, quase sempre, o acréscimo de algo.
Em Angola – e quiçá noutras partes do mundo –, são várias as situações do género, o que leva inúmeras vezes a se desacreditar no emissor, procurando-se, se necessário for, um contacto directo com o verdadeiro dono da informação.
Lembro-me de ter ouvido, ainda no tempo da outra senhora, que um conhecido empresário terá recebido um cartãozinho com instruções para que contactasse o presidente do Conselho de Administração de um Banco, onde iria receber uma determinada quantia monetária. Insatisfeito com o que constatara no ‘bilhete’, o portador não se inibiu de aumentar mais um zero.
A fezada foi tanta que o cartão rasurado passou com a emenda para gáudio o adulterante, que viu a sua maquia aumentada consideravelmente. É por isso que muitos não têm qualquer receio em muitas vezes preferirem confirmar as informações que se recebem.
É sempre melhor do que se cair no ridículo, ou então cometer algum erro que possa ser fatal, às vezes até mesmo para a vida ou para as relações entre os povos.
Por estes dias, em que o combate ao contrabando de combustível é a tónica dominante, esperando-se, inclusive, o julgamento de alguns prevaricadores, estar- se-ão a observar acções que podem contrastar com o objectivo real deste desafio, em que altas figuras do Estado angolano já manifestaram o apoio incondicional.
Neste momento, existem vários camiões parados no município do Nzeto, cujos responsáveis acreditam estar a ser vítimas de alguma má-fé ou até mesmo de falta de informações por parte dos responsáveis dos órgãos policiais e de outros organismos de Defesa e Segurança.
Esta convicção está ser feita pelos responsáveis da Associação de Camionistas de Angola, acreditando até que as detenções que aponta como sendo ilegais abrangem profissionais da estrada da República Democrática do Congo, prevendo-se já, nos próximos dias, uma retaliação por parte das autoridades do país vizinho em relação aos motoristas angolanos.
E uma das questões mais preocupantes avançadas é a de que os agentes da Polícia estão a mandar retirar dos camiões inclusive depósitos de combustível feitos de fábrica e que não terão sido fruto de qualquer adulteração para o contrabando de gasolina, gasóleo ou petróleo. A ser verdade, está-se perante um incidente grave que deve ser urgentemente resolvido.
Não se pode permitir que o combate resvale para o abuso por parte de algumas autoridades, o que poderá minar os esforços já feitos. E o ideal seria que uma equipa da comissão interministerial averiguasse a situação, até porque se diz que o rastilho poderá atingir a circulação de mercado- rias entre Angola e República Democrática do Congo, um atalho para se chegar, por exemplo, até à província de Cabinda.