De uma bonança em termos de campos para a prática de futebol de alta competição, após as inaugurações, há 13 anos, dos estádios 11 de Novembro, em Luanda, Ombaka, em Benguela, Tundavala, na Huíla e Tchiazi, em Cabinda, Angola vê-se agora em quase apuro para que as suas principais equipas realizem partidas oficiais e a sua selecção os jogos para as eliminatórias para o campeonato africa- no e copa do mundo.
É quase surreal o que se vai passando nos últimos tempos. E Angola, o país que se apresentava há pouco mais de uma década como candidata a uma das potências desta modalidade, tendo investido centenas de milhões de dólares norte-americanos só em infraestruturas, como os quatro estádios acima mencionados, não consegue sequer convencer os auditores da Confederação Africana de Futebol que tenha sobrado uma única infraes- trutura digna de realce para ver jogar estrelas do próprio continente.
Em pouco tempo, como se vai relatando, incluindo com as avaliações de peritos das instituições que superintendem a modalidade rei em África, apercebemo-nos de que as equipas representantes às principais competições encontram-se numa saia justa para conseguirem um espaço próximo em que possam realizar os seus jogos.
Em Luanda, onde ainda se encontra a coqueluche 11 de Novembro, as equipas do Petro de Luanda e o 1º de Agosto poderão, em determinadas alturas recorrer ao ‘velhinho’ – e sempre bem trata- do Estádio dos Coqueiros, por falta de condições naquela que é hoje considerada a catedral do futebol nacional.
Em igual situação, o Académica do Lobito também pretende que os seus jogos, principalmente nas afrotaças, sejam realizados em Luanda, a quase 700 quilómetros do seu habitat natural, Benguela. O Sagrada Esperança escolheu como opção o Estádio da Tundavala, que não se encontra, igual- mente, em condições aceites pelos inspectores da CAF. Esse facto faz com que até a selecção principal de futebol, os Palancas Negras, ainda não conheçam o palco em que deverão receber o Madagáscar para a partida derradeira rumo ao CAN do próximo ano.
Num mundo em que se conhecem inúmeros exemplos de campos de futebol, muitos dos quais em dimensões superiores aos construídos em Angola nos últimos anos, espanta sobretudo a forma acelerada como se foram degradando a ponto de se tornarem quase inoperantes.
De infraestruturas que orgulham os angolanos e muitos africanos que por lá brilharam durante o campeonato africano de futebol de 2010, os estádios 11 de Novembro, Ombaka, Tundavala e Tchiazi se vão tornando em autênticos elefantes brancos e sorvedouros para os poucos recursos que o país possui nesta fase.
Um amigo tem reiterado inúmeras vezes que um dos maiores problemas que enfrentamos está na falta de rigor e manutenção nas infraestruturas que vão sendo construídas, mas acabamos por ver sucumbir, nas calmas, sem que alguém intervenha. E assim, aos poucos, vimos faltando uma calçada, uma sanita, um televisor, um placar e a relva tornando assim inoperantes estes monstros de betão cujos montantes, se calhar, seriam melhor empregues noutros projectos sociais.