Tomou no primeiro dia deste mês que dá arranque a mais um ano o novo Presidente da República do Brasil. Felizmente, não se trata de nenhum desconhecido, mas sim de alguém que conhece como poucos os meandros do Palácio do Planalto, local que nos últimos quatro anos esteve às mãos de Jair Messias Bolsonaro.
Tenho uma relação com o Brasil que provavelmente só vá cessar quando não estiver mais presente neste mundo, razão pela qual me sinto sempre atraído pelas questões relacionadas com este país.
Já pude imaginar muitas coisas por este país. Mas nunca nas cogitações esteve a possibilidade de que um dia viesse a ser presidido por uma personalidade como Jair Bolsorano. Aquele que se tornou, igualmente, no primeiro Presidente que não conseguiu a reeleição, tendo até fugido do país para que não passasse a faixa ao substituto.
Apesar das acusações que pesavam sobre si, creio não existirem comparações entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Não obstante à luta renhida que houve nas eleições que ditaram a vitória e o regresso do primeiro, se- ria pouca sorte para o maior e mais populoso país de língua oficial portuguesa se se mantivesse no poder o antecessor de Lula.
Há uma diferença abismal entre um e outro. De um la- do um truculento e desfasado político e do outro um homem mais maduro e sensível aos problemas e à própria sociedade.
Não me canso de recordar o dia em que tive a possibilidade de estar próximo do Presidente Lula da Silva. Foi em Luanda, durante o seu primeiro mandato, num dia em que se inaugurou a Casa do Brasil em Angola.
Foi num dia em que a falta de energia pregou uma partida a todos que estavam na cerimónia, tendo o apagão deixado a infra-estrutura completamente às escuras durante um certo período, criando constrangimentos aos presentes.
Mal a energia restabeleceu, lá estava o Presidente Lula embrulhado no meio dos seus seguranças, numa espécie de barricada quase intransponível em que só se observavam os sapatos pretos do estadista.
Para quebrar o gelo, tão logo o espaço tinha ficado iluminado, o bom do Presidente Lula pediu ao seu ministro da Cultura, o não menos conhecido Gilberto Gil, que cantasse umas músicas. E este não se fez rogado, desencantou uma viola e pôs-se a cantar alguns do seus maiores e melhores êxitos.
Desde aquele dia que vi que havia algo mais naquele metalúrgico. Algo que o ligava às pessoas e fazia dele um ser especial. Não foi em vão que, uma vez mais, os brasileiros tinham depositado confiança nele. E o fac- to de dezenas de chefes de Estado e de Governo se terem dirigido à tomada de posse, no dia 1, demonstra a dimensão que Lula da Silva representa para o Brasil e outros países com quem mantém relação. É que o Lula é mesmo fixe.