É de hoje…Luinha, aqui tão perto

Longe da política das grandes cidades, nem dos assuntos que merecem destaque nos principais espaços noticiosos, ver as imagens dos corpos de mais de 10 pessoas vitimadas pela cólera no Luinha, Cuanza-Norte, deixa qualquer um indignado por conta de uma doença que há muito não deveria, sequer, fazer parte das que ainda persistem.

Depois do seu reaparecimento no bairro Paraíso, em Luanda, a capital do país, os casos de cólera transferiram-se, imediatamente, para outras pro- víncias, onde vão dizimando dezenas de pessoas, num leque de mais de duas centenas que já perderam a vida nos últimos meses. A falta de água – ou o seu não tratamento-, assim como o saneamento, estão entre as causas que fazem com que a doença se dissemine.

A realidade angolana nos mostra, ainda hoje, que existe um défice no fornecimento do precioso líquido, tal como o manuseamento do lixo em algumas localidades, sobretudo nas periferias. Luinha, a localidade que ontem entrou para o registo da doença com a morte de mais de 10 pessoas, é um pequeno povoado situado às bermas da Estrada Nacional 230 B, nas margens de um rio com o mesmo nome.

É habitada sobretudo por uma população camponesa, estando desprovida de alguns serviços essenciais. Segundo informações avançadas por fonte oficial, “após uma rápida intervenção realizada ontem, 16 de Março, da equipa multissectorial guiada pelo Governo da Província (Cuanza-Norte), o surto de cólera na localidade de Luinha, comuna da Canhoca, município de Cazengo, apresenta um quadro estável”.

A mesma fonte adianta que “os médicos prestaram ontem assistência a cerca de 46 pacientes, com idades compreendidas entre os 04 e 95 anos, dos quais dois foram a óbito durante a noite e os restantes recebem todo o cuidado para continuarem estabilizados”.

Quem conhece a localidade hoje fustigada sabe que é cortada, em parte da sua circunscrição, por um rio que pode muito bem fornecer água tratada aos populares, travando assim uma das principais vias de contaminação, que é a água não tratada. Felizmente, há vários anos que o Luinha possui uma estação de captação e tratamento de água junto à ponte que liga o município de Cazengo ao Golungo Alto.

Só que a mesma se encontra inoperante, porque durante muito tempo funcionou à base de geradores, mas a energia que passa aí a es- cassos metros, em direcção à Canhoca, pode muito bem servir para que os populares desta área e de outras áreas circunvizinhas tenham acesso ao líquido.

É claro que se pode colocar a inexistência de meios financeiros para a concretização do projecto num curto espaço de tempo. Mas chega a ser mais penoso para os governantes e para o próprio Estado ver-se imagens deprimentes como aquelas de dezenas de mortos, ensacados, por conta de uma doença que pode ser controlada nos dias de hoje.

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