Dizem que se terá passado algures no município do Rangel, em Luanda, depois de um mototaxista, os vulgos kupapatas que têm estado na moda, ter embatido contra a viatura de um cidadão e ter ficado ferido gravemente na sequência do choque.
À semelhança do que vai ocorrendo um pouco por Luanda e noutros pontos do país, os seus companheiros, também motociclistas, saíram em defesa, agredindo o dono da viatura, que acabou praticamente vandalizada com os vidros quebrados, chaparia completamente amolgada e algumas partes saqueadas.
Longe dos simples jovens, que até então se diziam desempregados e que fazem da actividade o único meio para que possam ter um pão à mesa, pagar as escolas dos filhos e sustentarem a própria família, muitos dos envolvidos nesta actividade, que se supõe nobre, não pestanejam quando têm de partir para a agressão de quem atravessa o caminho, sobretudo em grupo e usando até armas brancas.
Para muitos deles, seguramente fruto do desconhecimento das regras de trânsito, porque nem sequer saberão que existe um código de estrada, a forma desordenada como andam, a falta de iluminação às noites, o não uso de capacetes ou as adaptações que fazem aos próprios meios é uma situação normal.
Aliás, se assim for, até chega a ser compreensível, isso se se tiver em conta o estatuto quase especial que se quer de forma indirecta atribuir a estes jovens, apesar de todo os problemas que causam e as repercussões que têm ceifado vidas, assim como mutilado condutores, penduras e até transeuntes.
Circulando praticamente a bel-prazer, sem quaisquer incómodos dos agentes de trânsito e outros efectivos da Polícia Nacional, se comparado com o aperto que os cidadãos que conduzem viaturas sofrem, aos poucos este exército de motoqueiros se pretende afirmar como intocáveis.
Nem se sentem intimidados quando têm de recorrer à agressão ou até circulação em espaços proibidos. Nos últimos dias, um outro vídeo mostrava um automobilista conduzindo uma viatura em que estava um agente da Polícia Nacional no capot, colocando a vida deste em risco.
Felizmente, acabou ontem condenado a um ano de prisão com pena efectiva, uma sanção que poderá inibir outros supostos intocáveis que pululam por Luanda e arredores. Seria bom se também se responsabilizasse os jovens motociclistas que vandalizaram o carro em que se diz um colega destes terá embatido nos últimos dias.
Tratava-se de uma situação que seria resolvida recorrendo às forças da ordem e não por parte destes rapazes com uso da força, incluindo danificando completamente uma viatura que parece ter razão no referido acidente.
Não me lembro de ter lido algures que havia um estatuto especial para os kupapatas nem qualquer norma de emergência que lhes permite até desrespeitar a lei, os cidadãos e até mesmo os agentes da Polícia Nacional e outras forças.
Um dos mecanismos à disposição para se travar estes abusos é aplicar as leis em vigor e imputando alguns destes males àqueles grupos de defensores que mais não fazem senão incubar problemas que se vão tornando prejudiciais à própria sociedade em que vivemos.