Lembro-me de num dado momento da nossa vida política, particularmente depois de as eleições de Agosto do ano passado terem sido realizadas, ter ouvido de um político da oposição de que desta vez fariam política nas ruas. Política de rua não estará muito afastada de manifestações e outras acções de reivindicação que nos leva- riam a observar constantemente indivíduos em defesa dos seus direitos. Não acredito que se cinja a actos de pura anarquia em que se pretenda, erradamente, contrariar as regras que a própria democracia impõe.
Mas, longe daquilo que se prognosticava depois dos pronunciamentos, assiste-se hoje de forma frenética a uma outra peleja sobretudo a nível dos meios informativos não convencionais, com destaque para as redes sociais. Distante da cordialidade a que se pode aceder, ainda assim, nos órgãos de comunicação social tradicionais, embora nalguns casos não se concorde com os excessos provocados por algumas das linhas edito- riais, nas redes sociais assiste-se a um combate sem regras.
Não há direitos, deveres, assim como muitos nem conscientes parecem estar de que podem até ser responsabilizados, porque para eles o que importa é que se atinja o alvo, ou seja, aquelas pessoas cujas imagens devem de algum modo ser chamuscadas, cus- te o que custar. Curioso é que muitos dos que se apresentam como supostos detentores das verdades absolutas, que lhes leva, sobretudo, a atingir figuras de realce, maioritariamente com informações infundadas, são indivíduos com alguma formação sólida.
Mas isso não faz sequer com que muitos destes acrobatas busquem ou apurem de facto as verdades que possam existir. São situações como estas que aos poucos vão convencendo as pessoas, pelos menos aquelas que acompanham com regularidade os ataques frenéticos e as suas incidências, que já estaremos perante os chamados gabinetes de ódios sim.
Mais do que as lutas convencionais, usando meios lícitos ou contrapondo os adversários em debates em que as partes possam esgrimir as suas posições, não se pode sequer ignorar que existam, entre nós, estruturas que se vão especializando em atingir os concorrentes com jogos baixos e desinformações a partir, sobretudo, dos meios informais.
Cientes do adágio segundo a qual ‘quem com ferro mata, com ferro morre’, os próximos tempos reservam-nos, certamente, muitos ataques e contra-ataques, sendo que os melhor preparados acabarão por cilindrar os mais fracos. Mas que ninguém se esqueça que as inverdades são susceptíveis de responsabilização caso lesem os direitos daqueles que visam chamuscar.