Há dias em que não vale sequer reclamar muito. É difícil, incluindo agradar aos sinais que nos chegam quando pensamos já ter visto tudo ou quase de tudo que nos tem sido dado a ver. Nos últimos tempos, por mais que se diga o contrário, há sempre questões contrárias, ou seja, aquilo que a vida normal nos leva a crer quanto ao que observamos, bem ou mal, mas ainda assim há condições para que cada um de nós consiga ter noção do que lhe é dado a observar.
Em tempos, pus-me a pensar como era possível ter ido ao Cazenga sem sequer termos passado por Luanda, um dos mais povoados municípios do país, por sinal aquele em que cada um de nós quer buscar algo para satisfazer o ego que nos alimenta. Mas é possível. Quem quiser chegar ao Cazenga, por mais que não goste deste município, um dos mais habitados da capital do país, não imagina se- quer que existirão outras localidades que também lutam para que o nome não fuja da sua extensão. Há pouco tempo, ainda me perguntei como seria possível que existissem, em muitos locais do país, denominações quase semelhantes.
Ainda assim, estava longe de imaginar que um dia pudesse encontrar naquilo que muitos consideram como sendo a Angola profunda um bairro com o nome Cazenga. Isso mesmo. Há um Cazenga, em Luanda, tido há muito como um dos mais populosos do país, perseguido por escritores, actores e outros intervenientes sociais, mas longe da realidade que há muito vivemos. O outro Cazenga está distante do que vivemos todos os dias. Não está em Luanda, nem se vive a azáfama do que se pode observar, por exemplo, nas parcelas que compõem este município na cidade capital. Quando voltar a Kambundi Katembo, isso mesmo, espero voltar a ver o mesmo bairro que encontrei, numa zona em que muitos acreditam que existam muitas pedras de diamantes. Não se trata de um bairro qualquer.
É mesmo no Cazenga, a poucos quilómetros da sede municipal, por sinal destino de um grande grupo de cidadãos congoleses e oeste-africanos que viram naquela parcela de Malanje também um ponto para o reinício das suas vidas. Um dia destes, por mais que não que queira, iremos todos os Cazenda de Malanje, aí nas proximidades do Bié, onde ainda se acredita que exista muita esperança. Não há uma quinta nem sexta avenida, nem tão pouco qualquer rua em que tenha morri- do alguma criança por força da chuva.