Tinha visto as imagens sem muita atenção. Um grupo de estudantes com as habituas batas brancas, num acto que parecia normal, num dos mais emblemáticos locais de ensino do país.
Quem no início da década de 90 ou anos depois conseguiu um lugar no Instituto Médio de Educação de Luanda (IMEL) ou noutras instituições como o IMIL, Escola Comercial, Alda Lara e IMS saberá ainda mais o gostinho que dava quando se visse o nome aprovado nos então exames de aptidão, que os novos hábitos e vícios substituíram por um modelo que se vai mostrando, a cada dia que passa, menos eficiente em termos de produção de resultados e qualidade sobretudo.
Quem diria que o IMEL, palco de gente que inspira hoje, onde ao longo dos anos foram refinados quadros, que hoje oferecem o seu saber em inúmeras áreas do aparelho do Estado, da academia e até nos negócios, fosse transformado numa espécie de ringue em que os mais novos nem sentem às costas o peso daquelas paredes e das carteiras onde se sentam.
Foi assim, há pouco tempo, quando vimos as estrondosas galhetas de uma menina num dos colégios em Benguela, o que acabou por enfurecer a sociedade. Dias depois, num instituto superior em Luanda, duas alunas embrulharam-se numa peleja perante os demais colegas,que mais preocupados estiveram em filmar do que apaziguar O que se estará a passar, afinal, com os mais novos e até mesmo alguns adultos? Desde quando o corpo-a-corpo passou a ser a principal opção, incluindo nas próprias instituições de ensino, quando antes eram, por excelência, centros de formação e afirmação de conhecimento desde tenra idade?
Quando vi as imagens do IMEL, com os alunos a agridirem o outro, recuei no tempo. Para aquele período em que fizemos desta instituição a nossa casa. Era uma fase em que nem se adivinhavam sequer os privilégios que muitos dos alunos desta era das redes sociais beneficiam. Longe de se empurrar tudo às costas do Executivo, numa era em que até os próprios professores vivem contestado por melhores condições de vida – e com um sindicato que não desarma nas suas exigências- é necessário que estes também avaliem o que tem falhado para que o país continue a registar cenas de autêntico pugilato envolvendo adolescentes.
É imperioso que os especialistas apresentem estudos. Submetam ao Executivo algumas soluções. Se não forem aceites, no mínimo se tentou. É nesta hora que se precisa daqueles professores, alguns catedráticos ou estudiosos em muitas áreas, que exigem mais condições através do sindicato e nem um Kwanza a menos do salário apresentado.
O que estará a pensar a esta hora a malograda Gabriela Antunes, onde quer que esteja, em relação às imagens que circulam por vários pontos do país sobre o que acontece agora no IMEL que cuidou de forma quase implacável para que produzisse bons quadros?
O IMEL que nos está a ser dado a ver estará muito longe daquele que em muitos ainda se identificam. É muito mais.É o mesmo espaço em que se poderá sempre produzir quadros e esperança para este país em vários domínios.
Espera-se que estas novas cenas abram os olhos de todos aqueles que estão envolvidos directa ou indirectamente no processo de educação do país. Antes que seja tarde e um dia observemos cenas mais dramáticas como as que nos são postas à disposição por alguns canais internacionais, que mais se parecem autênticos filmes de acção produzidos em Holliwood.