Se fosse vivo, Agostinho Neto celebraria no passado dia 17 de Setembro 102 anos de vida. Quis o destino que num dia 10 de Setembro, no mesmo mês em que viria ao mundo, também perdesse a vida vítima de doença na então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Tinha na altura 56 anos de idade.
Ainda na flor da idade, o que acabou por gerar uma enorme comoção a nível nacional e internacional, incluindo nos anos em que se seguiram. É comum dizer-se, como referiram alguns dos seus correligionários, que ‘se Neto fosse vivo, a Angola de hoje não estaria assim’.
Desde então, o dia 17 de Setembro passou a ser comemorado como o dia do Herói Nacional, uma celebração que visa saudar os seus feitos, alguns dos quais dificilmente terão equiparação com outros dos líderes políticos envolvidos no processo de construção da Nação angolana.
Sem desprimor ao que terão feito outros líderes políticos de então, com realce a Jonas Savimbi e Holden Roberto, ao então Presidente Agostinho Neto coube, num determinado momento da nossa história, proclamar ao mundo a independência de Angola.
A história de Angola foi e tem sido construída sob vários alicerces, o que faz com que no seu pedestal caibam sempre outros nomes, incluindo daqueles que num determinado momento eram quase impossíveis devido aos vários contratempos e opções que tiveram.
Independentemente do que se possa viver em termos económicos, políticos e sociais, relegar para o segundo plano a figura de Neto e o seu papel acaba por ser uma mancha muito grande até mesmo para os políticos e organizações que se propalam democráticas se afirmam como cultores de uma verdadeira reconciliação. Como qualquer humano, Neto também cometeu erros.
Alguns graves e outros menos. Ainda assim, não é crível que existam ainda aqueles que julguem que possam um dia apagar o seu legado ou relegálo a uma posição de quase insignificância, o que não vai acontecer, nem mesmo caso os rumos da vida política e social um dia se alterem.
Os anos de paz, reconciliação nacional, embora ainda com mais passos por se darem, já deveriam servir de exemplo para muitos de que não basta ser apenas da mesma cor partidária, credo ou outro tipo de organização para se respeitar o percurso também traçado por outros. Assim, como noutras partes do mundo, heróis existirão sempre.
Mas nem todos estarão em pé de igualdade devido aos papéis diferentes que cada um deles jogou num certo período de tempo. Por exemplo, ninguém retirará do Presidente Neto o papel de primeiro Presidente de Angola. Ninguém.
Muito do que Angola é hoje, apesar do que se vive nestes cerca de 50 anos de existência, deve-se à independência que todos os angolanos celebraram vivamente. E só um único homem a proclamou: Agostinho Neto. Por isso, honras a Neto, sempre!