Os momentos que antecedem os congres- sos partidários e as eleições gerais acabam sempre por ser sui generis. Carregam consigo particularidades que só os que compreendem os meandros da política pura acabam por se aperceber, porque, mais do que os resultados anunciados, são as jogadas de bastidores que quase sempre existem.
Tempos houve em que se falava mesmo de autênticas romarias nas sedes dos partidos políticos, jogadas de influência naqueles que podem, de algum modo, ajudar a influenciar quem decide de facto. Tem existido, inclusive, aqueles que apostam as fichas até mesmo em familiares próximos daqueles que supostamente podem deter algum poder.
É assim que, algumas vezes, neste país, se acreditava que se cozinham as listas para o Parlamento nas principais organizações, cargos ministeriais, ou até mesmo naqueles a nível das estruturas intermédias ou de base. Embora não acredite mui- to, houve quem no passado tivesse dito que muitos não se coibiam, inclusive, de recorrer a práticas obscuras para que fossem poupados ou então ter acesso às cercanias do poder. Essa lógica funcionou – se calhar para alguns ainda funciona – porque, mais do que servirem, houve momentos em que muitos se procuravam servir.
Uma situação que acabou afastando os políticos e governantes dos eleitores e governados, resvalando para uma excessiva falta de confiança que muitos manifestam. Embora persistam as críticas, tanto no passado como agora, sempre houve governantes cuja actuação é motivo de reconhecimento por parte dos cidadãos. É assim com ministros, governadores, administradores, responsáveis de empresas públicas e inclusive membros das Forças de Defesa e Segurança.
Por mais que seja bom o desejo de se almejar grandes funções em qualquer esfera, o mais difícil é quando se é colocado na posição de substituir um líder reconhecido pela população, funcionários, eleitores ou governados.
As últimas movimentações no xadrez do Executivo já vão resultando também em lamentações, principalmente naquelas províncias onde se estava a restaurar a esperança há muito adormecida. A nomeação de Mara Quiosa ao cargo de vice-presidente do MPLA vai sendo analisada neste senti- do por muitos dos populares do Cuanza-Sul.
Sem nenhum demérito ao novo governador, Narciso Benedito, com uma excelente folha de serviço a nível da educação e do parlamento, ele herda uma gestão em que os populares da província acreditavam, incluindo os críticos. E por isso só lhe compete fazer muito mais ou, no mínimo, manter a genica apresentada pela anterior governadora. Caso contrário, poderá ser ‘mbuanja’, como hoje se fala pelos corredores, ruas e ruelas do Sumbe e outras partes da província em relação ao antecessor da antiga governadora.