Por estes dias, a conversa rola em torno do conflito israelo-palestino, um dos mais controversos e históricos casos que o mundo não consegue encontrar uma solução.
Um ataque sem precedentes do Hamas reacendeu o assunto, embora se saiba que nos territórios ocupados, assim como Israel ocorriam, de forma esporádica, alguns atentados, lançamento de roquetes e até ataques com armas brancas.
Não foi o que se viu no último Sábado, 7 de Outubro, com ataques em massa, matando mais de mil pessoas, sobretudo depois da ofensiva lançada por Israel à Faixa de Gaza. Nunca estive na Faixa de Gaza, Palestina, nem tão pouco em Telavive ou outra cidade israelita.
O mais próximo que estive foi na embaixada dos dois países em Angola, sendo a primeira, da Palestina, muito mais fácil de se aceder, ao passo que a segunda, no caso de Israel, é uma muralha quase intransponível, rodeada de inúmeras medidas de segurança, algumas das quais convidam quem lá vai a desistir.
Daí a admiração de muitos analistas esm relação ao facto de os serviços secretos israelitas terem sido surpreendidos e desconhecerem uma acção protagonizada pelo Hamas.
Mas muitos angolanos foram apanhados também de surpresa nesta hecatombe no Médio Oriente.
Alguns ligados às missões diplomáticas, mas outros seis encontravam-se nas zonas em conflito, provavelmente ansiosos também que ouvissem do Estado angolano alguma palavra de alento em relação à saída daqueles territórios que receberam em três dias mais obuses do que em 10 anos nem registaram tantas mortes como as observadas de Sábado a Terça-feira.
À semelhança de outros Estados que mobilizaram aeronaves e outros meios para retirar os seus cidadãos de Israel, Angola também colocou-se em linha para trazer ao país os seus.
Aliás, quando começou o conflito na Ucrânia, hoje relegado para segundo plano, também as autoridades angolanas se mobilizaram e trouxeram de volta muitos que queriam regressar e outros escolheram outros destinos por livre e espontânea vontade.
Acções como estas que vamos assistindo, infelizmente por conta de factos negativos, como o reacender do conflito israelo-palestino ou a guerra na Ucrânia, acabam sempre por relançar e fortalecer o sentimento patriótico daqueles cidadãos quando observam o gesto que as autoridades do seu país se entregam para que sejam colocados em zonas de segurança.
Claro está que Angola não tem as mesmas condições financeiras que muitos países que acabaram por deslocar várias aeronaves. Ainda assim, o esforço que se faz em coordenação com outros Estados ou até mesmo com os seus parcos recursos acabam sempre por ter um efeito positivo.
Em Israel, sobretudo nas zonas em guerra, estavam seis angolanos, um número que não deixa de ser significativo. Mesmo que fosse um único angolano, era imperioso que o Ministério das Relações Exteriores agisse do mesmo modo, não importando os valores que fossem ser despendidos.
Afinal, a vida de um único cidadão nunca deixaria de ser significante num país em que os cérebros, por exemplo, continuam a escassear.