As primeiras imagens de comparação entre aquilo que era o antes e o agora nas principais vias do São Paulo acabaram por convencer um grande grupo de luandenses de que, afinal, como dizem ‘ era preciso que aparecesse alguém que colocasse ordem’ na baderna que se vivia naquela circunscrição do Sambizanga e noutras da capital.
A esta hora, acredite-se, em alguns lares o actual governador de Luanda, Manuel Homem, deve estar a ser amaldiçoado por aqueles que tinham na confusão o meio de sustento, isso sem desprimor à necessidade de sobrevivência de alguns deles, razão pela qual se publicitou, amplamente, que existem mais de 60 mil lugares disponíveis nos mercados da capital. De igual modo, o que vivem naquelas então concorridas e desordenadas devem ter suplicado aos céus por terem as ruas limpas, sem as enchentes habituais, que propiciavam não só o aumento do lixo, como também de doenças e até da criminalidade.
Até o trânsito, que dificilmente se fazia de maneira fluida, ganhou um novo alento, um indicador de que circular entre Kikolo, Cuca e São Paulo se poderá fazer num curto espaço de tempo. Os cenários catastróficos desenhados por alguns cidadãos, muitos dos quais com responsabilidades acrescidas, iam até para um campo de uma hipotética rebelião por parte das vendedoras e outros cidadãos por causa da limpeza geral que se fez nestes troços.
Mas assim não será, nem pode, a não ser que muitos daqueles que vivem da venda nestes espaços não tencionem também vender em espaços organizados, circular convenientemente e com ganhos para a própria saúde e não só. O que se vê hoje no São Paulo serve para que se encoraje o Governo Provincial de Luanda a avançar, na mesma proporção em que se for instalando igual- mente os vendedores nos mercados construídos na capital e naqueles em que ainda existem espaços para o efeito.
A esta hora, com certeza, quem circular pela zona li- bertada e viver numa área em que as ruas ainda estão tomadas por vendedoras, com certeza que quererá que se observe o mesmo movimento para que Luanda deixe de ser um mercado a céu aberto em toda a sua extensão. E seria bom que, até para se evitar cenários de convulsão, em que alguns se possam até aproveitar, se chamasse já à razão os que praticam comércio em outras áreas críticas, entre as quais o famoso Arreiou-Arreiou, no Hoji Ya Henda, arredores do Kikolo e a crítica zona do Calemba 2, em que a administração parece ter atirado a toalha ao tapete.
Se, por um lado, os resultados começam a ser visíveis, por outro lado, assistiremos nos próximos dias, se não se tomarem medidas que afaste este cenário, o surgimento de movimentos que poderão trazer à ribalta o sofrimento de cidadãs que tinham nestes pontos o local do ganha-pão, muitas delas conscientes da ilegalidade que praticavam. Para que isso não aconteça, seria bom que, também, através do GPL, se mostrasse os casos de sucessos daquelas vendedoras que optaram por vender em bancadas nos mercados organizados, mas nem por isso deixaram de sustentar os seus filhos e ter o pão à mesa.