Quem o conhece sabe que não é um homem de fugir desafio. Aliás, quando passou pelas províncias de Luanda e Cuanza-Norte, Adriano Mendes de Carvalho mostrou, sempre, ser um dirigente sem temor, independentemente dos assuntos em questão.
Foram questões ligadas à política e economia, assim como outros, que durante a vigência nas duas províncias mereceram do político atenção especial, mesmo que as repercussões não fossem as mais ideais.
Ainda assim, nada o impedia de avançar quando houvesse necessidade. Porém, ontem, quando explicava ao presidente da República, João Lourenço, a situação política, social e económica da província do Zaire, sobressaiu na sua intervenção o desabafo em relação ao tráfico de combustível que se faz sentir naquela região.
Podia-se deduzir nas informações avançadas pelo governador que há muito peixe graúdo envolvido no tráfico de combustível para a vizinha República Democrática do Congo, uma vez que diariamente entram na província do Zaire dezenas de camiões cisternas com gasolina e gasóleo sobretudo, mas ainda assim se assiste a uma escassez do produto na localidade.
Recentemente, um vídeo de três jovens, uma das quais estrangeira, mostrava um posto de abastecimento de combustível completamente às moscas, não possuindo sequer água potável para o consumo de quem por aí passasse.
Sendo rara a água, o impossível seria encontrar combustível, como gasolina e gasóleo, por sinal amplamente procurados na região e nos vizinhos que estão sempre ao lado a espreitar uma oportunidade para levar ao seu território.
À semelhança de Cabinda, por sinal também vizinha do Congo Democrático, no Zaire também se assiste a enormes filas para se abastecer um carro ou até mesmo uma motorizada.
Curioso é que, tal como frisou o governador, depois de muito tempo de espera, muitos saem de lá defraudados sem conseguirem o combustível.
Tanto numa como noutra província parece ocorrer um nível elevado de ‘evaporização’ de combustível, cujos meandros parecem identificados.
Alimentando vários círculos, o tráfico tornou-se hoje um verdadeiro calcanhar de Aquiles, cujos tentáculos terão atingido alguns supostos intocáveis.
Enquanto se aumenta o conhecimento em relação à lei aprovada recentemente pela Assembleia Nacional, para se tentar travar o contrabando de combustível, as autoridades do Zaire parecem esperar por mais apoios para puderem lidar com o problema.
O grito de socorro do governador Adriano de Carvalho parece ir neste sentido.