Era comum em finais dos anos 90, princípio de 2000, ouvir-se falar no vazamento de provas em muitas instituições de ensino. Na altura, não se sabia por que razão, mas o certo é que este tipo de fraudes ocorria com alguma regularidade.
Os anos se passaram. Não me lembro de ter visto – ou ouvir falar de questões como estas que vimos acontecer nos últimos dias na província do Huambo. O que levou à suspensão das provas finais em seis dos 11 municípios.
No passado, quando isso ocorresse, levantavam- se alguns questionamentos sobre a origem de tais fugas. Acreditava-se, piamente, que só poderiam ter ocorrido graças à intervenção dos funcionários administrativos.
Quando há dias se soube da fraude no Huambo, a ideia quase generalizada era de que a mesma teria sido proporcionada por funcionários intermédios, mas nunca pelos principais responsáveis das referidas instituições de ensino.
Ontem, por exemplo, ficou-se a saber que dois responsáveis de alto escalão terão estado por de- trás da fuga dos enunciados para que os estudantes pudessem burlar. Por incrível que pareça, os obreiros da façanha no Huambo são dois quadros de alto escalão.
De acordo com informações divulgadas ontem, as provas foram colocadas à disposição dos estudantes, antes mesmo de elas terem tido início, pelo director e o director adjunto do complexo escolar da Chivemba.
Além destes, mais um parente próximo também esteve envolvido, publicando nas redes sociais e cobrando pelas provas. Por mais dificuldades que existam, não se pode romantizar nem normalizar acções como estas ocorridas no Huambo.
É inconcebível que um director e director adjunto tenham necessidade de vender enunciados para amealharem alguns tostões a mais, pondo em perigo a formação de jovens de quem se espera muito no futuro.
Depois de detidos pela Polícia Nacional, é imperioso que sejam responsabilizados convenientemente, para que amanhã não surjam outros aventureiros a agirem do mesmo modo. Não repugnaria que se dê a mesma publicidade que o escândalo teve quando se anunciou a sua existência.
E que os envolvidos, sobretudo os responsáveis de tal escola, sejam severamente punidos, para que vícios como estes, que se viam num passado distante, não se tornem normais nos nossos dias.