Angola abriu-se ao mundo. Não há dúvidas em relação a isso. A permissão de entrada no país de cidadãos de quase 100 países sem vistos de turismo e a facilitação aos integrantes de outros Estados demonstram, claramente, a intenção do Executivo em permitir que todos aqueles que desejam conhecer o nosso território o façam sem constrangimentos.
A referida medida, tomada recentemente, tem tido um forte impacto no número de entradas, sobretudo de estrangeiros provenientes de Portugal, Brasil, Índia e China.
Aliás, dias depois, a actual porta-voz do Serviço de Migração e Estrangeiros, Domingas Mendonça, anunciara que o número de visitantes tinha dobrado, em relação à época anterior, com tendência de que venha a aumentar caso se verifique tal tendência.
Com enormes potencialidades por exibir, já é sabido que os visitantes, entre homens de negócios e turistas, não estarão concentrados apenas na cidade de Luanda.
É lá onde estão muitos dos sítios, rios, quedas de água, campos agrícolas, minerais e outras potencialidades em que estão interessados.
Aos poucos, como era de se esperar, os problemas das estradas vão sendo debelados, o que acabará por atirar para o passado o martírio a que muitos eram submetidos para percorrer pequenos troços entre municípios ou até mesmo entre províncias.
Apesar de toda a abertura que se observa por parte das autoridades centrais, retirando exigências como vistos, cartões de saúde e — até pouco tempo — os da Covid-19, outras barreiras permanecem e, ao que tudo indica, são intransponíveis, não se sabendo quem as defende com unhas e dentes.
São incompreensíveis os limites que se estabelecem entre uma província e outra. Ou seja, além das fronteiras entre países, a passagem de uma província para a outra é sempre brindada por um posto da Polícia Nacional em que os automóveis são obrigados a parar, quase sempre.
Os motoristas de algumas são brindados com saudações quase humorísticas: “Bom dia ou boa tarde, como vai a viagem? Qual é o seu destino?”.
Para muitos, pode parecer normal. Sabe-se lá as razões, mas para uma maioria pode ser absurdo, sobretudo quando se trata de angolanos ou até mesmo de estrangeiros que residem no país há largos anos.
Pessoalmente, não me sentiria nada confortável se fosse a um país qualquer e sempre que tivesse de passar de uma província para a outra fosse necessário responder às perguntas feitas pelos nossos agentes ou ter de aguardar vários minutos num posto da Polícia Nacional.
Acredito também que possa ser embaraçoso para qualquer estrangeiro que venha em turismo ou prospecção de negócio.
É preciso romper com as fronteiras artificiais que se vão criando ao longo dos percursos, muitos dos quais desnecessários.
À Polícia seria mais prudente exigir que só parassem as viaturas quando necessário, sem terem de recorrer aos cones que impossibilitam que nenhuma viatura passe entre uma província e outra.