Os primeiros ventos do Sahel, com golpes de estado no Mali, Níger, Burkina Faso e também no Gabão, fizeram com que muitos jovens, em angola, em particular, e noutros pontos de África sonhassem com uma revolução que pudesse rejuvenescer determinas organizações políticas.
Não foi necessário muitos meses para que se percebesse, por exemplo, que alguns dos pseudo libertadores escondiam diferentes propósitos, alguns dos quais distantes dos ditames da democracia propriamente dita. Alguns destes capitães e majores recusam- se mesmo em entregar o poder aos civis. E outros já não se conseguem ver livres do poder, acreditando-se que dificilmente irão abandonar os cargos em que estão, esperando, talvez, que um dia destes venham também a sair da mesma forma como acabaram por ocupar os palácios em que vivem.
Quem um dia destes escreveu que o poder cega nunca deixou de ter razão. aliás, o continente africano é prenhe de exemplos do género. Quem acompanhou o caso de Macky Sally, no Senegal, que tinha tudo para sair pela porta grande, apercebeu-se que os anos em que ocupou o palácio moldaram a sua mente e quase que já não se via numa outra oposição.
A entrada em cena do novo presidente do Senegal, o jovem bassirou Diomaye Faye, 44 anos, veio acender o mesmo rastilho que alguns viam nos militares e vangloriam-nos. num ápice, depois destas eleições senegalesas já tidas como épicas, renasceu no seio de muitos jovens angolanos a ideia de fundar partidos políticos para concorrerem nos próximos pleitos eleitorais.
Nos últimos dois meses, alguns jovens vieram a público anunciar a pretensão de fundarem novas organizações políticas, sonhando alguns deles com a hipótese de também virem a travar a suposta bipolarização que se acredita existir entre o MPLA, no poder desde a independência do país, e a UNITA, a líder da oposição. alguns estarão já a correr por causa das eleições autárquicas.
Outros, talvez, consigam concorrer nas eleições gerais, em 2027, mas resta saber com que armas irão contar para ultrapassar os rigorosos requisitos impostos pelo tribunal Constitucional para a legalização destes novos partidos que vão sendo anunciados com alguma frequência.
Não creio que o país venha a ter um dia os mais de 100 partidos como se viu depois das eleições de 1992. porém, o que se espera é que caso surjam mais alguns possam, no mínimo, trazer algo novo aos cidadãos. É que alguns discursos vão se tornando quase riscados, apesar da apetência política que muitos destes aspirantes vão manifestando de tempo em tempo.