Em tempos de paz, muito se tem dito sobre a participação dos militares na vida do país. Através do programa Baluarte, uma produção das Forças Armadas Angolanas, tem sido possível divisar os meandros em que se encontram os nossos efectivos.
Não havendo guerra, o senso comum de muitos leva a questionar o que fazem todos os dias os milhares de efectivos das Forças Armadas nas casernas? Como é o dia-a-dia e se não se trata de algo fastidioso assegurar a logística destes indivíduos, muitos dos quais ainda tiveram a sua impressão no alcance da paz que se comemora, todos os anos, em Abril?
Na verdade, são várias as acções que os militares realizam nos três ramos, incluindo algumas acções sociais que muitos acabam não observando por estes dias. Aliás, no âmbito da diversificação da economia, também tem sido visível a participação na agricultura, conhecendo-se projectos de montra nas províncias mais a sul do país. Gostaria de observar ainda mais a participação dos nossos efectivos, dada a experiência que possuem, nas acções para atenuar o sofrimento dos populares durante as calamidades.
Quem acompanha os meandros da política internacional ou as acções sociais de outros efectivos pelo mundo, incluindo nas nações mais desenvolvidas, certamente que já se deve ter apercebido da entrada em cena destes quando há chuvas torrenciais e outras calamidades.
Em Angola, nos últimos tempos, tem sido notável várias acções naturais e outras provocadas pelo próprio homem que já mereciam algumas vezes a participação dos nossos homens que ainda envergam a farda da corporação castrense.
Por exemplo, as últimas chuvas têm criado dissabores a nível da circulação de pessoas e bens que exigiriam uma entrada em cena destes homens destemidos. Há o caso concreto da destruição da ponte no município de Cambambe, no Cuanza-Norte, impossibilitando a circulação entre o Norte, Centro e Sul do país.
Trata-se de uma situação que vai criando prejuízos vários, estimados em centenas de milhões de Kwanzas ou quiçá dólares. Quase um mês depois, não parece existir ainda um retorno, o que poderá agravar ainda mais a situação dos camionistas e passageiros que utilizam a referida via.
É sobejamente conhecida expertise militar em termos de construção de pontes ou até mesmo de vias que podem servir de alternativas para os camionistas e outros automóveis pesados ou ligeiros. Porém, em Angola, ao que tudo indica, se tem menosprezado essa possibilidade, mesmo se sabendo que são vários os quadros militares com experiência acumulada neste domínio.
Há dias, em conversa com um amigo, por sinal oficial general das Forças Armadas, dizia que parece que se quer fazer um país distante dos militares, ou seja, para ele os efectivos poderiam fazer muito mais do que mostram hoje aos angolanos. Bastaria apenas que fossem acenados para o efeito.