Habituei-me a ouvir de alguns sectores contrários ao Executivo angolano, há pouco tempo, ideias de que tudo o que ocorresse de mal no país, sobretudo contra muitos destes, iria reportar ao Departamento de Estado norte-americano.
Aliás, num passado não distante, ouvimos – e lemos – pronunciamentos de cidadãos bem posicionados politicamente de que se iriam queixar aos americanos.
Houve alturas em que me questionava se os americanos eram aqueles que iriam resolver todos os nossos problemas, incluindo algumas quezilias internas cujo desfecho tem de, necessariamente, passar pelo crivo das nossas próprias instituições.
Para muitos, por causa até de outros passados, mas já distantes, a chave dos nossos problemas parecia estar a milhares de quilómetros.
Talvez na Casa Branca, em Washington D.C., ou até mesmo em Lousiana, Michigan e arredores.
E foram muitos os que, quando se aventou inicial- mente que Joe Biden estaria em Angola, alardearam aos quatro cantos que era impossível que isso viesse a acontecer.
Por isso, o adiamento, por causa do furacão da Flórida, foi a pólvora necessária para que se apupasse o Executivo com os mais variados apelidos e insinuações, algumas das quais até ofensivas.
E quando o Presidente João Lourenço, seguramente, com base nas informações que possuía, assegurou que o Presidente norte-americano viria, sim, a Angola, o ruído tornou-se mais incessante do que nunca.
O que leva a crer que, para muitos, incluindo indivíduos de quem se esperava uma posição mais em prol do país, pareciam torcer para que a visita não acontecesse.
A visita não só aconteceu, como também agregou outros intervenientes interessados na construção, melhoria e desenvolvimento do corredor do Lobito.
Entre estes estavam os presidentes da RDC, Zâmbia e Tanzânia, além de outros players interessados no projecto.
Houve anúncios concretos de investimentos, incluindo 600 milhões de dólares para o corredor, e outros valores para projectos em que os norte- americanos pretendem financiar e investir no país.
Como se já não bastasse, o cepticismo inicial, mesmo após os pronunciamentos dos chefes de Estado presentes, que se manifestam confiantes, alguns dos quais depositam esperanças para as suas economias, persiste de forma quase desorganizada nos que não querem acreditar nos sinais que vão sendo emitidos.
Há dores com as quais dificilmente nós iremos nos solidarizar, porque só aqueles que tentam a todo o custo semear o descrédito conhecem a origem.
E pior quando elas não se coadunam com os interesses de Angola e dos angolanos, muitos dos quais serão beneficiários directos e indirectos dos dividendos provenientes não só do corredor do Lobito, como também de outros investimentos que virão através desta visita que pretendem a todo o custo desacreditar.