Quem acompanha a política brasileira e outras áreas de actuação desta sociedade de- verá concordar que os brasileiros apoiam-se muito nas experiências e conhecimentos adquiridos a partir dos Estados Unidos da América.
A transferência de conhecimento está longe do frenesi que se vive hoje depois de o antigo Presidente ter zarpado após a derrota frente a Lula da Silva. O então Presidente Jair Bolsonaro encontra-se em Orlando, na Flórida, depois de ter jogado gasolina numa situação política que se tornou difícil, eclodindo com uma invasão na chamada praça dos três poderes, em Brasília.
Mas as relações entre os dois Estados está longe destas picuinhas bolsonaristas e muitas das quais retrógradas. É que as influências que os brasileiros adquirem das terras do Tio Sam são várias, estando elas patentes em muitos segmentos, incluindo em áreas da ciência ou do saber em que até mesmo a língua inglesa e a portuguesa deixaram de ser um verdadeiro empecilho.
Apesar da sua importância estratégica no continente africano e nas organizações internacionais regionais e até continentais, Angola anda quase que a reboque daquilo que se faz em Portugal, usando-se o factor língua como sendo o ponto forte que faz com que se alimente cada vez mais essa suposta dependência. É que, apesar da importância que se atribui ao então império colonial, a nível do continente europeu Portugal é visto como um dos menos desenvolvidos e até aquele que menos influência política e económica goza na principal instituição do continente: a União Europeia.
Num momento de crise política com Portugal, quando não se previa mais acertar uma nova parceria estratégica entre este país e Angola, o antigo e malogrado Presidente José Eduardo dos Santos avançara que havia necessidade de o nosso país consolidar a relação com outros países europeus, muitos dos quais acabam por ser alternativas àquilo que se busca com regularidade na antiga metrópole.
Espanha, o país cujo rei Filipe VI efectua uma visita a Angola ocupa a 15ª posição no ranking das 20 maiores economias do mundo, segundo o Fundo Monetário Internacional, numa classificação em que não consta o nome de Portugal, por exemplo.
Sem desprimor ao que pode ser oferecido pelos irmãos lusófonos, ainda assim o acesso a outros mercados, como o espanhol, influenciaria positivamente o mercado interno, tendo em conta a quantidade de bens e até serviços que estariam disponíveis.
Felizmente, Espanha não está tão distante de Portugal, podendo-se ter acesso ao referido país num vôo directo. E são várias as oportunidades que também pretendem oferecer a Angola, incluindo em sectores que alguns empresários lusos são, somente, meros intermediários, mas que não aliviam sequer na hora da divisão do bolo. E a língua não iria atrapalhar em na- da nem que recorrêssemos ao famoso ‘portunhol’.