Viajar por terra é uma paixão para mui- tos. Há quem diga que se trata de algo prazeroso por nos proporcionar momentos inesquecíveis, principalmente naquelas regiões ou países com imagens deslumbrantes.
Angola, apesar dos vários inconvenientes, é um lugar extremamente lindo. Quem conhece as curvas e contra-curvas, feitas por rios, montanhas, florestas, praias e lagoas pretende sempre regressar a certos pontos onde esteve um dia.
Há duas semanas, os angolanos e aqueles que escolheram Angola para viver tiveram duas semanas de autêntico repouso. Esse período serviu para que muitos procurassem outros pontos, para alguns preferencialmente zonas longínquas em que nunca estiveram.
Foram vários grupos que saíram em carros e autocarros. A Sul ou a Norte, ainda assim muitos tiveram a possibilidade de passar por estradas boas, dignas deste nome, e estradas más algumas delas até reparadas recentemente, apesar tudo.
Das estradas boas, quase que não há muito por descrever por se tratar de uma obrigação de quem as construiu, se tivermos em conta os recursos que gerem de forma directa ou através dos impostos que são pagos pelos cidadãos.
Das estradas más, há muito por se dizer. Noves fora o facto de muitas delas contribuírem para o aumento do tempo da viagem, há ainda o constrangimento que causa aos próprios automóveis e autocarros, cujos proprietários são depois chamados a recorrer aos sobressalentes mesmo sem esgotarem o tempo de uso de alguns deles.
Em todo o caso, as estradas esburacadas em quase todas as principais vias nacionais proporcionam a quem as frequenta uma realidade que se tornou já preocupante: os meninos das aldeias ou engenheiros mirins do Instituto de Estrada que tapam os buracos com pás e baldes para que os automobilistas circulem sem contratempos.
Mais do que um mero exercício de filantropia destes, esta actividade vergonhosa de jovens em tenra idade, que destapa a incapacidade do Instituto de Estradas em resolver situações até paliativas, tornou-se uma maneira de subsistência de aldeões, muitos dos quais desempregados, além de crianças inocentes e indefesas.
Não se compreende, por exemplo, que em muitas localidades não se dê a mínima importância aos postos do Fundo Rodoviário Nacional aí instalados, com alguma pompa, quando até os remendos nas estradas são feitos por gente que está até à margem do assunto