Foi uma enorme alegria ter encontrado o João, uma vez mais, depois de algum tempo de ausência. Foi possível vê-lo em Benguela, na ressaca do Fórum de Negocios e Conectividade realizado pelo grupo MediaNova, proprietária deste jornal.
Depois de uma experiência em Luanda, foi a partir das Terras das Acácias Rubras onde num outro projecto em que mergulhou de corpo e alma que vai cimentando o seu sonho angolano a nível da restauração.
O João é daqueles portugueses angolanos. Apresentou-me ao sócio. Também português. Mas foi bom ver ao redor deles um grande grupo de angolanos que diariamente movem o amplo restaurante, erguido no Clube de Tiros, hoje uma referência na província.
Haverão muitos como o João por este país adentro. Gente que coloca a mão na massa, apesar de terem vindo de longe para tentar a vida aqui. E outros, seguramente, estarão a caminho, esperando que Angola lhes dê a oportunidade que outros abraçaram e nunca mais a abandonaram.
Foi há poucos dias que o Executivo angolano abriu as suas fronteiras para cerca de 100 países, cujos cidadãos não precisam mais de vistos de turismo e outros que verão a situação migratória simplifica- da. Em pouco tempo, conforme avançou ontem a porta-voz do Serviço de Migração e Estrangeiros, os sinais são mais do que positivos, havendo mesmo o dobro do número de cidadãos estrangeiros que entraram no nosso território.
Claro está que nem todos os que chegaram ou ainda chegarão o fazem com bons propósitos. Mas também é inegável que muitos deles o fazem encarna- dos no mesmo espírito que o amigo João o fez, contribuindo para a diminuição do índice de desemprego e proporcionando mais receitas para este país.
Enquanto muitos de nós preferimos ficar pela crítica, às vezes barata e desnecessária, deixando de lado oportunidades que poderíamos abraçar e fazer vincar, não há dúvidas de que muitos daqueles que virão em turismo ou prospeção do mercado saberão aproveitar, à semelhança do que muitos fizeram nos deixando até afastados das simples cantinas que um dia geríamos.
Nos últimos dias, muitos angolanos têm preferido zarpar para Portugal e outros países europeus e americanos em busca da realização dos seus sonhos. O que é normal. Em sentido contrário, outros aguardavam há muito pela oportunidade de puderem pisar em solo angolano. E a lista, como se avançou recentemente, já se parece extensa.
Ha muitos portugueses, como o meu amigo João, mas também cidadãos brasileiros, indianos, chineses e de outros países. E a lista de quem vem em busca do sonho angolano vai crescer a cada dia que passa.