Um dia antes do fim do mês em que se assina- la como sendo da legalidade, foi bom escutar a procuradora Eduarda Rodrigues dizer que, nos próximos dias, a Procuradoria-Geral da República irá publicar nas suas páginas, na Internet, conteúdos sobre o processo de combate à corrupção.
Apresentado como um dos cavalos de batalha do Presidente João Lourenço, o processo em curso já resultou na recuperação de mais de USD 6 mil milhões em dinheiro, assim como mais de 15 mil milhões em bens na África, América, Ásia e Europa.
Longe do fracasso que muitos, entre o populismo e ama- dorismo político, vão evidenciado os números apresentados podem não ser os melhores, do ponto de vista destes, mas ainda assim são preferíveis do que na fase em que se tolerava quase tudo e a impunidade era praticamente uma disciplina de aprendizagem obrigatória.
Ainda assim, mesmo com os números, pouca informação sempre existiu em relação aos que foram apanhados nas malhas da corrupção. A localização dos bens, entre casas, carros, acções e outros bens é uma situação que sempre levantou burburinhos. E não podia ser diferente devido às informações, algumas até preocupantes, que vão no sentido de que muitos destes bens e até dinheiro estariam já a beneficiar determinadas figuras, incluindo ligadas ao sector da Justiça, onde era esperado alguma elegância.
Não se pode descurar as acusações sobre imóveis supostamente na alçada de alguns juízes nem do que foi dito, em tribunal, pelo major Lussaty, por exemplo, de que possuía muito mais dinheiro do que aquele que se diz ter sido apresentado.
Verdade ou não, só com transparência ao nível da comunicação, permitindo que os cidadãos saibam deter- minados pormenores é que se poderá esbater muitas das acusações que vão sendo feitas, algumas delas provavelmente feitas de má-fé no sentido de comprometer o processo e aqueles que o dirigem.
Seria bom, com certeza, se quando se disponibilizas- sem as informações no site a ser criado pela Procuradoria-Geral da República também se desse a possibilidade de os angolanos saberem, claramente, quem são os demais ainda ocultos que estavam na posse destes bens, cujos escandalosos valores dariam para se erguer mais habitações, hospitais, fundar empresas que empregariam mais jovens, assim como impulsionar sectores chaves como o turismo e a agricultura na diversificação da economia.
De igual modo, para que outros seguissem o exemplo, não seria de todo errado que os angolanos também soubessem quais são os seus companheiros que tiveram a proeza de atender ao chamado do Presidente da República, João Lourenço, quando se deu a moratória para que trouxessem o dinheiro a Angola e aqui fizessem os seus investimentos.
À boca pequena, porque a lei não permite, infelizmente, corre que existirão muitos endinheirados entre nós que hoje circulam pelos vários corredores sem receios por terem tido a amabilidade de negociar, supostamente, com o Estado angolano. Só que por falta de muitas explicações, estes são apresentados como sendo supostos intocáveis num combate em que ainda existem alguns críticos do Executivo que vendem a tese de que alguns são vistos como filhos e outros como enteados. Só a PGR pode quebrar esse gelo…