Creio ter sido no início deste ano que um grupo de dirigentes desportivos se dirigiu ao Palácio da Cidade Alta para uma reunião com o Presidente da República. Na altura, num discurso bastante aplaudido, João Lourenço dissera aos seus convidados que era preciso que o Desporto angolano também desse alegrias em termos financeiros, à semelhança do que ocorre no campo desportivo em de- terminadas modalidades.
Apesar do frenesi e da fervorosa entrega dos adeptos, sócios e simpatizantes dos principais clubes do país, quase ou nada as equipas amealharam da bilheteria ou até mesmo dos prémios que vão recebendo quando se conquista um título. É assim no futebol, basquetebol, andebol e outras modalidades.
A taça dourada, erguida na ponta final das várias competições ou medalhas, acabam por ser o momento mais alto, muito por conta da posteridade, mas não por causa dos proventos que possam advir depois dos investimentos milionários e salários chorudos que se pagam.
Se, por um lado, se consegue compreender o que se passa a nível das competições, por causa da escassez de patrocínio, do outro lado torna-se hoje preocupante observar o destino que se é dado às infra-estruturas desportivas.
Depois de um período de obras paliativas, na sequência de uma sanção da Confederação Africana de Futebol, o Estádio 11 de Novembro voltou a ser encerrado para uma intervenção mais profunda.
Construído no auge do crescimento económico no país, sete anos depois do alcance da paz, o Estádio 11 de Novembro integra um conjunto de quarto estádios, entre os quais Chiazi, em Cabinda, Tundavala (Huila) e Ombaka (Benguela) para a competição de 2010. Custaram aos cofres públicos mais de 300 milhões de dólares norte-americanos, esperando-se que deles se pudesse tirar o máximo proveito em todos os domínios.
Depois do CAN, dois deles ficaram entregues à própria sorte, beneficiando posteriormente de intervenção do Estado, mas depois de terem perdido todo o material existente. E hoje, por ironia do destino, chegou a vez do 11 de Novembro, apesar das verbas que foram recebendo anualmente para a sua manutenção.
Actualmente, os estádios no mundo moderno se transformaram em espaços multifuncionais, proporcionando uma série de serviços desde os administrativos aos de lazer, como restaurantes e lojas diversas.
Mais de 10 anos depois da construção destes empreendimentos, eles se vão evidenciando mais como sorvedouros de dinheiros públicos do que infra-estruturas de que nós possamos orgulhar.
Apesar da sua importância capital, dada a inoperância, por exemplo, em Luanda da Cidadela Desportiva, ainda assim parece ter chegado o tempo para que o Estado entregue aos privados para que se dê ao 11 de Novembro e aos outros estádios, pelo interior, um verdadeiro uso. Podendo assim alavancar as economias destas localidades, muitas das quais carecem de serviços e espaços de lazer.