Quanto mais se avolumam as dificuldades no seio da população, pior parece ser a vida de um governante. Não se trata só de uma situação que se viva em Angola, país onde nos encontramos, mas deve ser o mesmo noutros pontos do mundo. As reclamações sobre a inexistência de serviços de saúde, água, energia eléctrica, estradas asfaltadas ou até mesmo picadas são constantes. Com o elevado crescimento populacional, cifrado, segundo os entendidos na matéria, em três por cento ou mais, é praticamente difícil acompanhar a toada no mesmo ritmo.
Creio que nada será mais frustrante do que se resolver os problemas que são constante- mente apresentados e, ao mesmo tempo, ver espumar os sonhos de muitos, as infra- estruturas com a degradação e vandalização dos bens públicos. Ao longo dos últimos anos tem sido assim. Reclama-se a falta de iluminação pública nas estradas, resolve-se o problema, mas nos dias posteriores assiste-se ao roubo dos cabos, das cabines e de outros materiais. Reclama-se a falta de energia em muitos bairros da capital do país e a transportação para outras províncias, um grupo de especialistas rouba as cantoneiras, derruba os postos e estes aglomerados ficam às escuras.
O mesmo acontece em relação ao fornecimento da água. Se não são os garimpeiros, que acabam por desviar o curso do precioso líquido, são os próprios responsáveis e técnicos das empresas a quererem ficar com parte do bolo alocado. Até os fontanários não são poupados. Na Matala, por exemplo, pelo menos 110 fontenários e outros materiais que sustentam o projecto de construção do Sistema de Captação, Tratamento e Distribuição de Água do município da Matala, na Huíla, foram vandalizados, desde Dezembro de 2023.
Os prejuízos são enormes. Para a ENDE, RNT e outras empresas ou instituições públicas e até privadas. Estão na casa dos vários mil milhões de kwanzas, o que já deveria merecer do Executivo uma espécie de declaração de guerra para que não sejam feitos investimentos duplamente. É tempo de agir. Antes que a anarquia tome conta de tudo. Não se pode ter receios, sob pena de se pagar mais caro ainda. E o prestígio dos órgãos de defesa e segurança de Angola não pode ser colocado em causa na busca de uma solução para problema inferior aos que foram ultrapassados para se alcançar a paz.